Jornal Correio Braziliense

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Aconchego à beira do lago

Com a mesma idade da capital, o Cota Mil reúne associados em ambiente que dá a sensação de estar em casa


Charme e encanto em um ambiente aconchegante e familiar. O Cota Mil Iate Clube e os 700 associados se orgulham dessas características que marcam a identidade do espaço inaugurado em 1959. Antes disso, em 1957, quando Brasília não passava de mato, terra e construções em meio ao cerrado, o clube se abrigava em uma sala do Palace Hotel. De lá para cá, cresceu e, hoje, conta com uma área de 150 mil metros quadrados.

A localização é privilegiada, com acesso ao Lago Paranoá. Da orla, em poucos metros à direita, fica o Pontão do Lago Sul. Em frente, a Península dos Ministros. O nome do clube também carrega história. À época da fundação, engenheiros, geólogos e topógrafos residiam na cidade e escolheram a denominação pelo fato de o clube estar a 1 mil metros de altitude.

O comodoro Jorge Daniel Sette explica que o número de sócios é limitado, para que se mantenha o clima mais íntimo e confortável entre os membros. ;Aqui, os próprios funcionários sabem quem são todos os frequentadores. Eles mantêm amizade uns com os outros. O Cota não é um clube imenso, em que você perde a referência, mas, sim, um lugar de encontrar os amigos e estreitar os laços;, argumenta.



Modernização

Atualizar-se constantemente é um dos legados do Cota Mil. De acordo com o comodoro, Brasília vive em um novo momento e cabe ao clube colaborar com a transformação, sem perder a essência. ;Muitos sócios chegam para mim e dizem: ;Me tira de casa.; Sinto que as pessoas estão pouco vinculadas à cidade e não têm a preocupação de entender a história do lugar, mas de apenas exigir uma boa estrutura. Recebo várias pessoas, por exemplo, que assumem cargo no governo, se associam, e duas semanas depois vão embora;, pondera Sette.

É com o objetivo de aproximar mais os sócios do clube que a direção dá atenção especial às programações de eventos socioculturais. ;Temos que ligar as pessoas e fazer com que elas interajam. É preciso fazer isso em cada oportunidade, pois é uma chance de elas fazerem novos amigos;, diz o comodoro.

Luaus, shows musicais na orla, Dia das Crianças, entre outros, são algumas das atrações que ocupam os salões sociais. Quando o assunto é modernizar, também vale para a parte esportiva. De 40 anos para cá, outras modalidades foram acrescentadas, como beach tennis, pilates, vôlei, dança de salão e aikido.

Crescimento

Nesse ambiente, muitos associados criaram vínculos para toda a vida. Patrick Noronha, 35 anos, tinha menos de um mês de vida quando foi levado pela primeira vez ao clube e hoje se sente parte de uma família. ;Sou caçula de três irmãos e fui com 15 dias de idade para o Cota. Naquela ocasião, as pessoas falaram para minha mãe que ela era doida de levar um menino desse tamanho para o clube. Ela só apontou para os meus outros dois irmãos brincando e disse: ;Olha lá, aqueles ali estão vivos até hoje, então eu sei cuidar;;, conta o advogado.

Patrick cresceu dentro do clube encontrando atividades que lhe faziam bem. Na infância, aprendeu a boiar nas piscinas, antes mesmo de dar os primeiros passos. Quando passou a andar, o espaço aberto era ótimo para correr e brincar. Na adolescência, o Cota era ponto de encontro com os amigos. As aulas esportivas ajudaram no desenvolvimento e renderam muitas histórias. Hoje, ele utiliza a academia do lugar para malhar com a mulher e acredita que um dia perfeito tem que ser relaxando nas dependências enquanto almoça com pessoas queridas e se desliga do mundo lá fora.

;Nós, associados, nos tratamos como membros da família. Tem amigos do meu pai aqui que são muito mais meus tios do que meus tios de verdade, que só vejo em datas comemorativas e olhe lá. Com as pessoas do clube, é diferente. A gente confraterniza junto, nos ligamos direto, temos uma relação bem próxima;, diz ele. A característica mais íntima do Cota também agrada, já que lá Patrick se sente em casa, sem preocupações. ;Aqui é uma extensão confortável do meu lar. Como não é um clube muito cheio, fico à vontade, vou para qualquer lugar, não fico preocupado com meus pertences. Não tenho dor de cabeça alguma aqui;, explica.



Amizades de décadas

Hely Vicentini, 80 anos, tem uma história de vida recheada de conquistas, e credita os melhores momentos dessas décadas ao tempo que passou no Cota Mil. ;Quando cheguei a Brasília, vindo de São Paulo, me levaram primeiro a um outro clube. Achei legal, mas não me identifiquei. Logo em seguida, meus amigos me apresentaram o Cota, e eu disse: ;Aqui é o meu lugar;;, lembra a aposentada.

Sócia desde a década de 1960, ela diz que ficou encantada com o ambiente assim que chegou, não tanto pela estrutura e beleza, mas mais ainda por conta do clima agradável que sempre sentiu. ;O que fez eu me apaixonar foram as pessoas. São frequentadores com um comportamento bem afetivo e familiar. Um conhece o outro, as pessoas vão passando o gosto pelo clube de geração em geração.; Hoje, nem o andador a impede de ir ao Cota, passar o dia conversando com as amigas e aproveitar os eventos. ;Eu vou a todas as festas do clube, e a turma morre de rir quando eu começo a dançar;, ri.



Espaço da juventude

André, 18, e Rafaela Leitão, 15, são irmãos e frequentam o clube desde a infância. Eles não trocam o lazer e a paz do Cota Mil por nada. ;É um lugar que temos para nos despreocupar. Aqui não tenho tempo para pegar em celular;, diz André. ;Estava na piscina quando conheci uma das minhas amigas. Temos uma relação forte de amizade, que o clube juntou e vai durar o resto da vida. Ela dorme na minha casa, saímos juntas; É muito bom;, completa Rafaela. O lugar também marca uma das melhores lembranças da adolescência: a festa de 15 anos. ;Foi aqui que eu me tornei uma princesa.;

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

Cota Mil Iate Clube
  • Área: 150 mil metros quadrados
  • Número de sócios: 700
  • Idade: 59 anos
  • Como se associar: adquirindo títulos de sócios. O valor varia entre R$ 7 mil e 10 mil.

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