;Como chefe, era integrador, sempre muito atento, alguém que sabia delegar e cobrar resultados. Foi uma das pessoas mais brilhantes e generosas que já conheci. Um democrata nato. É uma grande perda para todos os que tiveram oportunidade de conviver com ele.; Assim a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, definiu o ex-companheiro de trabalho Roberto Armando Ramos de Aguiar, 78 anos. O ex-reitor da instituição pública, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, morreu na madrugada de ontem, após complicações de uma pneumonia.
Nascido em 9 de novembro de 1940, em São Vicente (SP), Roberto Aguiar se tornou doutor em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ele ingressou na UnB em 1989, como procurador-chefe e professor do Instituto de Ciência Política e Relações Internacionais. Durante a trajetória profissional, publicou mais de 40 livros e artigos sobre segurança e direito.
O primeiro livro foi editado em 1980. A obra Direito, poder e opressão apresenta uma nova concepção do direito ;sempre parcial por conter a ideologia do poder legiferante; e elabora uma crítica da ;ligação entre o saber teórico e o burocrático;, como destaca trecho do livro.
Em 1982, Roberto Aguiar lançou O que é justiça: uma abordagem dialética, em que denuncia o caráter opressor da Justiça nas mãos das elites em relação às classes populares. Em 1985, o jurista recebeu a primeira agraciação na carreira: o prêmio Alceu de Amoroso Lima, concedido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo pelo trabalho LSN ; A Lei da Insegurança Popular. A honraria foi consequência de uma publicação de ensaios sobre os temas da justiça, ética, bioética, cidadania e direitos humanos.
Em 1996, Roberto Aguiar foi consultor jurídico do governo Cristovam Buarque nos primeiros seis meses de gestão, assumindo logo depois a Secretaria de Segurança Pública do DF, onde ficou até o fim de 1999. Ele é coautor do Plano Nacional de Segurança Pública do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. No início dos anos 2000, foi nomeado secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, no governo de Benedita da Silva.
Roberto Aguiar assumiu a Reitoria da UnB, em abril de 2008, quando era aposentado como professor da Faculdade de Direito da instituição. Ele substituiu Timothy Mulholland, que deixou o cargo em meio a acusações de uso indevido de recursos públicos da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) para equipar o apartamento funcional em que morava. Roberto Aguiar ficou à frente da universidade até novembro do mesmo ano.
Ainda na trajetória acadêmica, Roberto Aguiar participou da criação da Universidade Estadual do Pará e da Universidade Metodista de Piracicaba. Também foi professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará
Comprometimento
O amigo e também ex-reitor da UnB José Geraldo, 72, guarda as lembranças de uma relação de mais de 30 anos com Roberto. ;Em 1979, eu produzia meu mestrado e ele me orientou com uma de suas obras. Meu primeiro trabalho publicado foi graças a ele. O Roberto é uma personalidade rica, do ponto de vista da inteligência e valores. Era incrível ver a capacidade que ele tinha de se comprometer com a sociedade. Sinto muito por essa perda;, lamenta. A UnB decretou luto oficial de três dias.
O velório de Roberto Aguiar será amanhã, das 10h às 17h, no Cemitério Campo da Esperança. O corpo será cremado na segunda-feira, às 11h.