Sarah Peres
postado em 11/07/2019 20:20
O crime de tentativa de latrocínio (roubo com morte) aumentou em 12% em relação ao primeiro semestre de 2018, conforme dados da criminalidade, divulgados nesta quinta-feira (11/7) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF). Também tiveram crescimento os delitos de tentativa de homicídio, além de feminicídio tentado e consumado.
De acordo com os números apresentados, as tentativas de latrocínio somam 102 registros, enquanto que, no mesmo período do ano passado,foram 91. Os números de tentativa de homicídio cresceram de 441 para 445. No entanto, a consumação destes dois crimes representam uma queda. As ocorrências de assassinatos caíram para 218, indicando 28 casos a menos do que no mesmo período de 2018, o que representa uma queda de 11%. Latrocínios tiveram 12 registros neste semestre, contra 14 no ano passado.
Embora haja redução em alguns índices apresentados, o secretário de segurança pública André Torres destaca que ainda há preocupação por parte da pasta, sobretudo para algumas regiões como Ceilândia e Planaltina. "Estudos específicos da secretaria mostram que precisamos dar atenção às microrregiões das nossas cidades, para diminuir o efeito da criminalidade nesses locais. A partir disso, a Polícia Militar realizará uma redistribuição de efetivo estratégico para áreas de manchas criminais (áreas com alto índice de crimes)", sinaliza.
Neste ano, a SSP iniciou análises estratégicas por meio da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios (CTMHF) ; criada no ano passado. A nova pasta tem como objetivo pensar políticas públicas para cada região administrativa da capital federal para realizar ações repressivas e preventivas destes crimes.
Violência contra a mulher
Um dos índices que continua em alta é o de violência contra a mulher. O número que mais chama a atenção é de tentativas de feminicídio, representando um aumento em 77%. Neste ano, foram 55 vítimas, contra 31 no primeiro semestre de 2018. O feminicídio consumado tem 14 registros, um a mais do que no primeiro semestre de 2018.
Os dados mostram que quase 88% das mulheres são atacadas em casa, representando 65 vítimas. Ainda, 50% delas são agredidas com armas brancas, como facas. Em seguida, vem a arma de fogo, usada em 28,4% dos casos. A principal motivação dos agressores é o ciúme e sentimento de posse (54,1%), e a não aceitação do término da relação (25,7%). Quatro das ocorrências são de brigas familiares (5,4%).
"É um crime que nos preocupa muito e ainda não conseguimos entender o aumento nas tentativas de feminicídio. Precisamos entender fenômenos que englobam este tipo de crime, que gera arrependimento por parte do autor, que decide tirar a própria vida. Não é como em um homicídio comum. Para entendermos estas nuances, precisamos estudar a cabeça do autor", afirma o secretário Anderson Torres.
>>Memória
>> 31 de março
, 25 anos, foi morta a tiros na casa onde morava com a família, no Paranoá. No momento do crime, cometido por Matheus Galheno, 22, a vítima segurava o casal de gêmeos de 1 ano, fruto do relacionamento de dois anos com o vigilante. A irmã da jovem também estava no local e escutou os gritos de socorro de Isabella. A familiar chegou a pegar um dos bebês, mas a vítima não quis entregar o último, para tentar fazer o ex-companheiro desistir do crime. No entanto, ele a assassinou em frente a criança. Em seguida, tirou a própria vida. A motivação foi por ciúmes de Isabella, que foi vista com um amigo na semana em que foi assassinada.
>> 6 de maio
Jacqueline dos Santos Pereira, 39 anos, foi morta a facadas dentro de casa, em Santa Maria. O ex-companheiro, Maciel Luiz Coutinho da Silva, 38, não aceitava o término do casamento e, em áudio de mais de 10 minutos à vítima, confessou sentir um ;amor doentio; e confirmava o sentimento de posse. No momento do ataque, a mulher tinha as medidas protetivas no bolso da calça, concedidas pela Justiça depois do registro de duas ocorrências pela Lei Maria da Penha contra o motoboy. Jacqueline deixou três filhos, sendo dois deles menores de 18 anos. Após cometer o crime, Maciel conduziu a motocicleta pela BR-040 até a altura de Luziânia (GO), tirou o capacete e se jogou em frente a um ônibus. O homem não resistiu aos ferimentos e morreu no lugar.
>> 20 de maio
A servidora Debora Tereza Correa, 43 anos, da Secretaria da Educação, foi morta no prédio do órgão. O ex-namorado da vítima e policial civil Sergio Murilo dos Santos, 51, entrou no edifício da Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto e Cruzeiro, na 511 Norte, e foi a procura da professora. Em meio a colegas de trabalho de Debora, o homem sacou a pistola e atirou contra ela. Depois do assassinato, o policial também tirou a própria vida. Debora Tereza tinha medida protetiva contra Sergio Murilo. Segundo relatos de amigos da vítima, a professora era ameaçada e perseguida pelo policial civil desde o início da breve relação, em 2017.