Brasília está oficialmente no período de seca desde a segunda quinzena de maio. De lá para cá, apenas chuvas esporádicas foram registradas. As últimas delas, na sexta-feira. A água é fator indispensável para a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. Mas, apesar da diminuição das chuvas, o número de casos da doença continua a aumentar. Segundo o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, divulgado ontem, até 29 de junho, houve 38.981 notificações de dengue.
Desses, 34.009 (90,1%) são casos prováveis. Até a data, 33 pessoas morreram, maior incidência dos últimos cinco anos. Outros três óbitos estão em análise. O boletim epidemiológico anterior, de 22 de junho, apontava 31 mortes e 31 mil casos prováveis ; números da maior epidemia da história do DF. O acumulado de 2019 é de 1.096,63 ocorrências por 100 mil habitantes. A região norte do DF, que inclui Planaltina, Fercal e Sobradinho, teve mais registros: 21,3% do total, sendo que 11 mortes aconteceram na área.
Planaltina é a cidade com mais registros (4.056), seguida de Ceilândia (3.458) e Paranoá (2.183). No final de junho, a Secretaria de Saúde chegou a afirmar que a pior epidemia de dengue da história da capital federal começava a ser controlada e suspendeu os atendimentos nas tendas de hidratação. Em 37 dias de atuação, mais de 36 mil pessoas foram atendidas, das quais 24,6 mil estavam com suspeita de dengue.
Efeito retardatário
Entre os sintomas mais característicos estão: febre alta com início súbito (entre 39;C e 40;C), dores de cabeça e atrás dos olhos, além de cansaço extremo, náuseas e vômitos. O médico intensivista, clínico geral e coordenador do Pronto-Socorro do Hospital Santa Lúcia, Luciano Lourenço, diz que dois fatores justificam os casos que ainda estão aparecendo: efeito retardatário de pacientes já contaminados e curto período de seca.
;Se um mosquito pica uma pessoa infectada, passa a carregar consigo o vírus e proliferar para outras pessoas. Em sete dias, ele pode proliferar a doença para até 20 pessoas. Além disso, a seca ainda não foi suficiente para secar reservatórios de larvas;, comenta o médico. ;Uma garrafa que encheu (de água) durante as chuvas e não foi esvaziada pode estar com ovos prontos para virarem transmissores. No recipiente sem água, as larvas não sobrevivem uma semana;, completa.
Luciano Lourenço acredita que com a estiagem, a epidemia seja controlada, mas alerta: cuidados devem ser mantidos. ;Sempre oriento os meus pacientes contaminados a usar o repelente. Com isso, eles evitam ser picados e, consequentemente, diminuem a proliferação da dengue;, recomenda. Além disso, é preciso evitar água parada. Baldes, caixas d;água, lixeiras e tonéis devem ficar sempre tampados.
Garrafas devem ser mantidas com as bocas viradas para baixo, e ralos e calhas não podem ficar sujos. Em caso de suspeita de possível foco do mosquito, a população deve acionar a Vigilância Ambiental, Sistema de Limpeza Urbano (SLU) ou Novacap.
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Confira a quantidade de casos de
dengue e mortes causadas pela
doença nos últimos cinco anos:
Ano Mortes Casos prováveis
2019 33 34.009*
2018 1 2.463
2017 12 4.752
2016 22 19.982
2015 28 10.898
*Até 29 de junho
Fonte: Secretaria de Saúde