As avaliações ocorrem em um momento em que a categoria, antes hegemônica, enfrenta declínio e dificuldades com a concorrência, com elevado número de motoristas de transporte por aplicativo na capital. O Sinpetaxi estima que a queda na receita mensal, nos últimos anos, chegue a 60%. ;Hoje, estamos em uma situação de desespero, mas estamos buscando meios para mudar o jogo, para permanecemos nele. Estamos estudando aplicativos, pedindo apoio do governo e oferecendo o que temos de diferencial, como a segurança por ser um veículo caracterizado;, argumenta o presidente do Sinpetaxi, Sued Sílvio.
Taxista há 13 anos, Jamal Mohammad, 41, viu a remuneração mensal cair de R$ 3,5 mil para R$ 1,5 mil. ;Há muitos carros da Uber, 99 Pop e Cabify nas ruas, com um preço que não conseguimos alcançar. Fiz mudanças para tentar atrair a clientela, como a implementação de wi-fi a bordo e bancos de couro. Também tento dar descontos. Mas nada disso tem funcionado;, lamenta. ;Ainda há o problema do transporte pirata, que também nos tira muitos clientes. Sem a fiscalização, eles fazem a festa e nos prejudicam;, completa.
No ramo há 21 anos, Celino Dias, 61, acrescenta que falta fiscalização a motoristas dos três aplicativos em funcionamento em Brasília. ;No aeroporto, onde há boas corridas, a concorrência é ainda mais injusta. Muitos motoristas saem dos carros e oferecem o serviço na área de desembarque. É ilegal, mas ninguém responde por isso. Como podemos concorrer dessa forma?;, questiona.
Alternativas
O especialista em transporte e professor da Universidade de Brasília (UnB) Pastor Willy Gonzales Taco avalia que os taxistas não conseguiram ter a dimensão das mudanças que se aproximavam e não souberam se adaptar a elas. ;Os aplicativos são realidade consolidada. Os taxistas não perceberam que, para algumas mudanças, não adianta fechar os olhos. É preciso se atualizar. Faltaram também líderes que soubessem preparar a categoria para as mudanças e apresentar o novo panorama.;
Ele destaca que há uma questão clara de mercado no declínio dos táxis. ;Em um momento de crise como o que Brasil vive, as pessoas querem bom atendimento e economia. Com os aplicativos, elas conseguem, às vezes, desconto de até 50% e se sentem valorizadas. Isso mudou a relação com os táxis;, analisa.
Para o professor, no entanto, há medidas que podem ajudar os taxistas a se reerguer. ;Internacionalmente, isso começou. Eles precisam buscar nichos, novos mercados. No exterior, há serviços que oferecem várias formas de transporte, como ônibus, metrô, bicicleta e também o táxi. Outra opção é focar em certas necessidades específicas, como táxis voltados para deficientes e idosos;, sugere.