Cidades

'Não consigo repetir o que ele contou', diz mãe de menino abusado no Guará

Ao Correio, pais de crianças fazem relatos sobre como José Antônio Silva lidava com as crianças na comunidade

Walder Galvão
postado em 10/07/2019 06:00
Ao Correio, pais de crianças fazem relatos sobre como José Antônio Silva lidava com as crianças na comunidadeVizinhos e conhecidos do catequista José Antônio Silva contaram ao Correio que estranhavam a relação dele com as crianças, mas que nunca denunciaram nada por falta de prova ou mesmo por não acreditar que ele seria capaz de abusar sexualmente de alguém. ;Sempre achei estranho ele andando com tantas crianças, mas ele era da igreja, como íamos imaginar? Meu menino jogava bola e esta semana me contou que o Toín havia pedido para ele pegar no pênis dele, mas que ele recusou;, contou ao Correio um dos pais que denunciou José Antônio. O filho dele tem 11 anos. José Antônio Silva é acusado de abusar sexualmente de mais de 20 crianças no DF.

A presença dele na igreja também trouxe confiança a uma mãe de uma das supostas vítimas. ;Um dia estava na igreja e o vi em cima do altar, todo de branco, não consegui imaginar aquele homem fazendo mal a ninguém. Foi quando comecei a deixar meu filho, de 8 anos, andar com ele;, lamentou a mulher. Ela esteve na delegacia nesta terça-feira (9/7), mas ainda não formalizou uma denúncia. A mulher tem conversado com o garoto, que demonstra medo.

[SAIBAMAIS]A mãe de outra suposta vítima conta que o filho, de 9 anos, morava com a vó, na QE 40, quando ele conheceu José Antônio. ;Minha mãe tem problema na perna e Toín se ofereceu para levar ele todos os dias na escola. Isso acontecia desde o início do ano. Quando o caso estourou na mídia, pressionei o meu filho e ele me contou o que estava acontecendo. Não consigo repetir o que ele disse;, desabafou. Ela também esteve nesta terça-feira (9/7) na 4;DP. Para a polícia, não há dúvida de que o menino foi violentado.

De acordo com a mulher, o comportamento da criança mudou. ;A professora dele me chamou para conversar, disse que ele estava disperso e perguntou se ele estava com algum problema. Meu menino sempre foi apaixonado por futebol, desde que nasceu. Há um mês, ganhou o uniforme oficial do Flamengo, mas não quis usar e disse que não jogaria mais. Comecei a estranhar;, contou a mãe.

Ela comentou que o filho não conseguiu contar a história para a tia ou para a vó, com quem mora. ;A gente que é mãe sabe quando tem algo errado. Dava para ver nos olhos dele o que tinha acontecido. Agora, vamos procurar apoio da polícia e psicológico.;
A reportagem foi à casa do acusado, mas a esposa dele se mudou há cinco dias e não foi localizada. A paróquia onde José era catequista informou que não comentará o caso.

DF tem 140 casos

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) registrou 140 ocorrências de estupros contra vulneráveis nos cinco primeiros meses de 2019. Em comparação a igual período do ano passado, o número de casos caiu 21,8%, quando houve 170 registros.

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