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Conheça um roteiro para visitar a obra de Burle Marx em Brasília

São 25 anos sem o artista que revolucionou o paisagismo brasileiro. Jardins públicos pela capital são parte do trabalho do paisagista

Há exatos 25 anos o Brasil perdia aquele que seria considerado um de seus principais paisagistas: Roberto Burle Marx. Ao lado de Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Athos Bulcão ele foi responsável por moldar como seria Brasília. Ao paisagista coube decorar a cidade com jardins, que estão espalhados pela capital.

Para celebrar essa data, o site, especializado em arquitetura, Morar 61 fez um roteiro para se conhecer a obra de Burle Marx por Brasília. A ideia foi da jornalista Lara Muniz.

Apaixonada por arquitetura, design e paisagismo, ela sempre foi uma entusiasta do trabalho do artista brasileiro. ;Tenho um gosto muito especial por paisagismo. Tenho até em casa algumas plantas que levam o nome dele. Eu me dei conta da data e de como Brasília tem muitos jardins públicos e de fácil acesso;, explica. ;Eu mesmo fui conhecer a Praça dos Cristais por uma indicação e fiquei encantada. Agora sempre dou uma escapadinha para ir lá;, completa.

O roteiro elaborado por Lara Muniz indica lugares como a Praça dos Cristais, que fica no Setor Militar Urbano (SMU), Parque da Cidade, a quadra-modelo da 308 Sul, Torre de TV, Teatro Nacional Claudio Santoro, entre outros.

Para escolher quais seriam as indicações, Lara explica que procurou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), leu livros e consultou o Instituto Burle Marx.;O artista foi importantíssimo, e não só para Brasília. Toda grande capital tem algum jardim marcante dele. Ele mostrou que o paisagismo não precisava ficar preso as flores europeias ao usar as folhagens tropicais. Ele é tão importante quanto Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Athos Bulcão. Brasília é muito privilegiada;, ressalta Lara.

As fotos ficaram por conta da fotógrafa Joana França. Arquiteta por formação, ela é outra entusiasta de obras urbanísticas. ;Eu adorei a ideia, porque, primeiro, o time é perfeito, depois eu sempre fotografo a cidade. Já fiz trabalhos com balões e recentemente comprei um drone, e não tem forma melhor de fotografar paisagismo do que de cima;, explica. A única ressalva dela é que muitas das obras precisam de reparos. ;A maioria dos projetos dele estão bem mal cuidados, dá muito dó, principalmente o do Parque da Cidade;, lamenta.

Ficou interessado em fazer o roteiro? Para Lara um bom lugar para começar é pela Praça dos Cristais, o jardim preferido dela ;neste momento;. ;Lá é exuberante. É ótimo um fim de tarde ali. Também tem o Eixo Monumental, que todo mundo passa, mas às vezes nem se dá conta da paisagem, e a quadra-modelo, que tem todo um capricho;, indica. ;Vale muito fazer esse passeio, para ter um novo olhar sobre Brasília. E não fique restrito ao trabalho dele, mas conheça outros jardins. Vamos valorizar a natureza;, completa.

Burle Marx e seus mais de 2.500 jardins

O artista brasileiro nasceu em São Paulo e passou boa parte da vida no Rio de Janeiro. Morreu em 4 de junho de 1994, depois de ter sido responsável pela criação de mais de 2.500 jardins, entre públicos e particulares, de acordo com o Iphan. Além disso, viajou com botânicos pelo Brasil e catalogou ao menos 35 novas plantas que levam o seu nome.

O sítio dele em Guaratiba, no Rio de Janeiro, foi doado ao governo brasileiro e é administrado pelo Iphan. Hoje, batizado de Sítio Roberto Burle Marx, a propriedade é candidata a se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade. Em setembro, técnicos da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) virão ao Brasil para inspecionar e conhecer o local que guarda mais de 3,5 mil espécies.

Em homenagem aos 25 anos de morte do artista, o Jardim Botânico de Nova York está com uma exposição até 29 de setembro: Brazilian Modern: The Living Art of Roberto Burle Marx (Brasileiro Mo;derno: a Arte Viva de Roberto Bur;le Marx). Essa é a maior mostra botânica da história do parque.