Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mortes deixam atletas em alerta

; JÉSSICA EUFRÁSIO

Dois homens morreram após parada cardiorrespiratória enquanto praticavam atividades físicas, terça-feira. Rafael Ribeiro Guimarães, 38 anos, pedalava no Parque da Cidade no momento em que passou mal, próximo ao Departamento de Polícia Especializada (DPE), à tarde. Bombeiros e um médico que passava pelo local atenderam o ciclista, mas ele não reagiu às manobras de ressuscitação. À noite, o judoca Júnior Juvenal da Silva, 29, morreu após deixar o tatame, onde havia treinado por 30 minutos, na QE 38 do Guará 2. Ele se sentiu mal e caiu.

Ainda que o número de morte súbita de jovens atletas seja de um a cada 200 mil, segundo um estudo publicado no New England Journal of Medicine, especialistas destacam que o acompanhamento profissional é fundamental antes de começar uma rotina de exercícios físicos.

A cardiologista Edna Oliveira, do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), destaca que casos de mal repentino tendem a atingir pessoas com histórico de doenças cardíacas, como arritmia, ou de enfermidades semelhantes na família. ;Quando alguém decide começar a praticar algum exercício físico, principalmente de maior impacto ou rendimento, é necessário passar por uma avaliação clínica. Algumas doenças não apresentam sintomas, e o primeiro sinal delas pode ser uma morte súbita;, alerta.

Professor do curso de educação física da Universidade de Brasília (UnB), Guilherme Molina acrescenta que más formações cardíacas das quais não se tem conhecimento, além de situações de estresse físico de alta intensidade, podem provocar mortes repentinas. Tabagismo, diabetes e altos níveis de colesterol também são fatores de risco.

Ainda segundo o especialista, homens têm mais chances que mulheres de serem vítimas de um mal súbito. ;A cardioproteção deles é menos eficiente que a delas. Os hormônios relacionados ao ciclo menstrual protegem do acúmulo de gordura nas artérias. Além disso, as mulheres têm mais cuidado com a saúde e com situações de risco;, completa Guilherme.

Atendimento
Uma norma de 2014 da Vigilância Sanitária do DF estabelece que academias de ginástica e similares que tiverem mais de 400 alunos ou clientes devem contar com um desfibrilador semiautomático em local acessível. Além disso, o documento prevê que a apresentação de atestado médico específico para a atividade pretendida é condição obrigatória para matrícula.

O presidente do Conselho Regional de Educação Física, Patrick Aguiar, garante que professores de educação física estão preparados para aplicar manobras de primeiros-socorros. ;Para os clientes, é importante observar se o estabelecimento tem alvará da Vigilância Sanitária e se está registrado junto ao Conselho de Educação Física;, afirmou.

Em locais públicos, o atendimento médico fica por conta do Samu e do Corpo de Bombeiros. Subtenente da corporação, André Rodrigues de Andrade explica que, em situações de mal súbito, as testemunhas devem ligar, de imediato, para o 192 ou 193. ;Enquanto o socorro não chega, a pessoa pode aplicar a massagem cardíaca, caso a vítima não esteja respirando. É preciso posicionar os dedos entrelaçados um pouco acima do centro do peito e, com os braços esticados e o calcanhar da mão, e fazer movimentos rápidos e profundos suficientes, a depender do tipo da estrutura física da vítima;, detalhou.