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Mulher é atingida por estaca de madeira durante possível tentativa de roubo

Mesmo ferida, a vítima conseguiu dirigir para pedir ajuda. O suspeito acabou preso em flagrante, mas foi liberado em audiência de custódia, sem fiança. O caso ocorreu na DF-451

Uma vigilante de 32 anos quase foi morta na DF-451 quando um homem, de 26 anos, jogou uma estaca de madeira contra o para-brisa da vítima. O caso ocorreu por volta das 5h40 de domingo (30/6), quando ela seguia do Incra 7 para o trabalho, em Santa Maria. O suspeito, Jaime Pereira da Silva, foi preso em flagrante. No entanto, ele foi posto em liberdade nesta terça-feira (2/7), em audiência de custódia.

A mulher conduzia o carro na estrada quando avistou pedaços de madeira jogados na pista, na área próxima ao Gol de Placa e ao Centro de Evangelização Renascidos em Pentecostes, em Ceilândia. Para não parar o automóvel, desacelerou, com o objetivo de desviar dos obstáculos. Nesse momento, a vigilante avistou Jaime surgindo do acostamento com uma estaca em mãos.

;Quando o avistei, me arrepiei toda. Acho que até minha alma saiu do corpo. Eu só pensei: ;Meu Deus, me ajuda;, e abaixei a cabeça. Quando eu levantei o rosto, eu não enxergava mais nada com o olho esquerdo. Consegui ver a estaca no vidro do carro e, nessa hora, me desesperei. Pensei que ia ficar cega. Só consegui pedir ajuda a Deus;, relata a vítima.

Mesmo ferida, a mulher conseguiu dirigir por alguns metros em busca de ajuda. Um motoqueiro que viu a situação acionou uma viatura do Departamento de Trânsito (Detran), que estava na rodovia. Em seguida, auxiliou a mulher, ligando para o marido dela, para o Corpo de Bombeiros e para a Polícia Militar.

Socorro e prisão

A vítima foi encaminhada para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde precisou levar 40 pontos. À noite, após receber alta, ela compareceu à 24; Delegacia de Polícia (Setor O), onde Jaime estava preso em flagrante por lesão corporal e dano qualificado. O homem não foi enquadrado em outro crime por falta de provas que sustentassem o objetivo do acusado em roubar o carro da vítima.
Vídeos realizados no momento em que Jaime foi detido mostram que ele estava alterado. Segundo o delegado Ricardo Viana, chefe da 24; DP, o homem estava visivelmente sob o efeito de álcool ou drogas. Para contê-lo, foi preciso fazer uso de força. Mesmo algemado, ele ficou se debatendo.
;Ele não conseguiu prestar esclarecimentos, apenas disse que não havia arremessado o objeto no carro da vítima;, afirma o delegado. Ainda na unidade policial, Jaime alegou estar passando mal e, por isso, precisou de atendimento dos bombeiros.

Segundo o delegado Ricardo Viana, Jaime tem quatro passagens por furto. ;Trabalhamos com a hipótese de roubo. Temos ainda 30 dias para finalizarmos o inquérito para ser entregue à Justiça e, neste período, vamos apurar todos os fatos. Ainda hoje, vamos coletar novos depoimentos de testemunhas. Se conseguirmos provar que a intenção do suspeito era levar o veículo, ele poderá responder até por uma tentativa de latrocínio;, afirma.

Nesta terça-feira (2), a vítima passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML). Ela ainda está abalada com a violência sofrida. ;Independentemente de qualquer coisa, agradeço a Deus todos os momentos. Tenho um bebezinho de 1 ano e 7 meses, que inclusive, não quer me ver. Ele está assustado com a minha aparência. As cicatrizes vão ficar, mas isso é o de menos. Estou viva para cuidar do meu filho e da minha família. Isso é motivo de agradecimento;, diz a vigilante, em lágrimas.

Liberdade após audiência

Jaime Pereira da Silva passou por audiência de custódia nesta terça-feira (2/7) e conseguiu a liberdade sem fiança. A decisão foi da juíza Flávia Pinheiro Brandão Oliveira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). O acusado não pode deixar o DF ou mudar de endereço sem informar às autoridades.

No entendimento da magistrada, não havia necessidade na conversão da prisão em flagrante para preventiva. ;A soma das penas máximas dos delitos não ultrapassa quatro anos, o agente não possui condenação com trânsito em julgado por crime doloso e o fato não se trata de garantir a execução de medidas protetivas de urgência. Dessa forma, não estão preenchidas as condições de admissibilidade da prisão preventiva, devendo o agente ser colocado em liberdade;, sustentou.

A juíza estabeleceu que o homem não pode sair do DF por mais de 30 dias nem mudar de endereço sem autorização da Justiça; Jaime também terá de comparecer a todas as audiências do processo ou terá o benefício do alvará de soltura revogado.
O marido da vítima ficou indignado com a decisão. ;Ele tem que pagar pelo que fez. Isso não pode ficar impune, precisamos de justiça. Só quando ele matar que vai ter justiça? Não. Ele tentou contra a vida da minha esposa e ele tem que pagar por isso;, disse o também vigilante.