Cidades

Menino que teve malformação corrigida com técnica inédita sai da UTI

Ele foi operado em 15 de junho para a correção de extrofia de bexiga no Hospital da Criança e segue acompanhado na enfermaria

Bruna Lima
postado em 01/07/2019 20:14
A cirurgia de Miguel durou aproximadamente 13h
O menino de 1 ano e 11 meses que passou pela cirurgia de correção de extrofia de bexiga recebeu alta da unidade de terapia intensiva (UTI), nesta segunda-feira (1;/7), 15 dias após ser operado no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Miguel foi operado por uma equipe de mais de 40 profissionais, que realizaram uma técnica inédita no Distrito Federal para corrigir a malformação. Ele vai continuar sendo acompanhado na enfermaria da unidade.

De acordo com o médico responsável pelo procedimento, o cirurgião pediátrico Hélio Buson, o paciente se recupera bem do procedimento, considerado de alta complexidade e que durou aproximadamente 13h. "Não houve nenhuma complicação com relação à cirurgia que foi realizada", afirmou o especialista.

Miguel ainda tem duas das quatro sondas colocadas na bexiga durante a operação. "Ele nunca teve a bexiga fechada; então, ela precisa ser treinada para fazer o trabalho de distender e esvaziar. Isso está dentro do esperado", explica Buson. Para acompanhar a evolução e saber se a bexiga funcionará bem, a criança ficará as próximas semanas internado.

Após a alta da UTI, os pais do menino, Vera Lúcia Marinho e Evandro Lima, afirmam estar mais aliviados e fazem planos para quando Miguel deixar o hospital. "A gente tinha muita vontade de levá-lo à piscina. O médico nunca disse que não podia, mas, como a bexiga dele era exposta, eu tinha receio. Agora, vamos poder fazer isso", conta Vera Lúcia.

Ela só soube da condição do filho na hora do parto. "Deus pôs um anjo na vida da gente: o doutor Hélio pegou o caso, foi estudando o que seria melhor. Quando veio essa inovação, ele foi um dos primeiros a serem operados", conta a mãe.

Correção em uma única cirurgia

Três a cada 100 mil nascidos vivos têm extrofia de bexiga. No Distrito Federal, segundo o Hélio Buson, que também é coordenador da Urologia do HCB, uma criança por ano nasce com essa malformação. "Antes da cirurgia, a parede abdominal, o púbis, a bexiga e a genitália estão abertas e expostas. São feitas incisões, separando-se cuidadosamente a bexiga, a próstata, a uretra e os corpos cavernosos do pênis dos tecidos em volta", detalha.

A metodologia inovadora é conhecida como Técnica de Kelley. Apesar de ter sido desenvolvida há 50 anos, ainda é pouco realizada pela alto grau de complexidade. "Nessa nova, a melhora é muito significativa tanto no aspecto funcional quanto no estético", afirma Hélio Buson.

A principal vantagem do procedimento é corrigir, em uma única etapa, deformações anatômicas e funcionais e outras deficiências com melhores condições de sucesso. Nas técnicas tradicionais, a correção da extrofia é feita em diversas etapas, por vezes com intervalo de anos entre elas.

A cirurgia de Miguel faz parte de uma série de marcações nacionais para operar crianças com extrofia de bexiga por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Um grupo de médicos que roda o Brasil operou sete pacientes e há outros cinco casos agendados para o procedimento.

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