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Formosa: Justiça encerra interrogatórios de religiosos acusados de desvios

A próxima audiência deve ocorrer em agosto, quando a defesa e o Ministério Público de Goiás (MPGO) devem apresentar as alegações finais. Os réus são acusados de desviar mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica


O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) encerrou os interrogatórios dos religiosos acusados de desviar mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica em Formosa. No início da manhã desta sexta-feira (28/6), nove dos 10 acusados compareceram ao fórum da região para prestar esclarecimentos. Entretanto, todos se recusaram a responder às perguntas do Ministério Público de Goiás (MPGO), responsável pela deflagração da Operação Caifás, que resultou na acusação dos réus.

Durante a audiência, seis réus decidiram não se pronunciar. Acusado de ser líder do esquema, o ex-bispo de Formosa, dom José Ronaldo Ribeiro, que renunciou ao cargo em setembro de 2018, o ex-funcionário da Diocese da região, Darcivan da Conceição Serracena, e o advogado da casa religiosa, Edmundo da Silva Borges, responderam os questionamentos do juiz e dos defensores. A sessão começou às 8h30 e durou cerca de cinco horas.

O juiz eclesiástico, Thiago Wenseslau, acusado de intimidar os sacerdotes não participantes dos desvios, prestará depoimento via precatória. Ele conseguiu autorização da Justiça para não comparecer ao julgamento e permanecer na cidade onde mora, Recife. A última audiência aconteceria em 29 de março, no entanto, foi adiada por causa da morte de um dos réus, o vigário-geral de Formosa, Epitácio Cardozo Pereira, 69. Ele sofreu uma infecção generalizada e morreu em Aparecida de Goiânia (GO).

De acordo com o MPGO, a próxima audiência deve ocorrer em agosto, quando o órgão e os defensores devem apresentar as alegações finais. A expectativa do órgão é de que ao menos a primeira instância seja julgada até o fim deste ano. O Correio entrou em contato com os advogados dos réus, mas não obteve retorno até a mais recente atualização desta reportagem.

Os outros acusados são: Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse; Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; e Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa.

Novo bispo

A diocese de Formosa permaneceu sem liderança fixa por mais de um ano. Após o escândalo, o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto, assumiu a função de administrador apostólico da Diocese da Região. Ele se revezava entre a cidade goiana e o município mineiro. Em 27 de fevereiro, o papa Francisco anunciou um novo nome para assumir a Cúria da região: dom Adair José Guimarães.

Agora, ele é responsável pelas 33 paróquias vinculadas à casa. O religioso estava à frente da Diocese de Rubiataba-Mozarlândia (GO). Nomeado pelo Papa Bento XVI, o religioso permaneceu 11 anos na região. Além disso, foi juiz presidente no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Goiânia (GO).

Operação Caifás

Deflagrada em 19 de março de 2018, a Operação Caifás investiga 11 pessoas por desvios milionários dos cofres da Igreja Católica. A suspeita é de que os réus tenham adquirido propriedades, veículos e joias com o dinheiro pago pelos fiéis em casamentos, batizados e outros eventos promovidos pelas paróquias.

Assim que a operação foi deflagrada, nove dos acusados permaneceram presos por quase 30 dias, mas, na terceira tentativa, conseguiram direito à liberdade no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Eles respondem em liberdade por apropriação indébita, associação criminosa e, alguns dos réus, por lavagem de dinheiro.