O bombeiro e enfermeiro Noé Albuquerque Oliveira recebeu a permissão para dirigir novamente, após ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) retida por 20 meses. A decisão do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios é de ontem. O militar sofreu a penalidade ao se envolver em um acidente próximo à Ponte das Garças, em 30 de abril de 2017. A colisão matou duas pessoas: Ricardo Cayres, 46 anos, e a mãe dele, Cleusa Maria Cayres, 69.
Noé Albuquerque interpôs recurso para ter a devolução da CNH e, consequentemente, a revogação da medida cautelar da suspensão do direito de dirigir na última quarta-feira. A defesa do bombeiro fez o pedido depois da absolvição sumária do militar pela denúncia de duplo homicídio doloso, em 11 de março. O outro réu do processo, o advogado Eraldo José Cavalcante Pereira, teve acusação desclassificada pela Justiça. Ele também pediu a CNH de volta.
Para o advogado de defesa do militar, Éder Ricardo Fior, a decisão do tribunal é coerente à absolvição. ;A suspensão da CNH foi uma medida cautelar do processo e, a partir do momento em que Noé provou inocência, não há necessidade da suspensão. Noé também foi absolvido no processo interno do Corpo de Bombeiros neste mês. Ele conseguiu provar que tinha a ligação de parentesco com o advogado (Eraldo) e, ao parar para socorrer aquele acidente, se viu envolvido criminalmente;, afirma.
A revisora Fabrícia Gouveia, 49, viúva de Ricardo Cayres, não quis comentar a decisão da Justiça em conceder o direito de dirigir para Noé Albuquerque. Contudo, ela destacou que, com o Ministério Público, ;entramos com um recurso para a revisão da decisão sumária de absolvição dele (o bombeiro) e esperamos a resposta da Justiça;.
O acidente que terminou com a morte de Ricardo e Cleusa Maria aconteceu às 19h30 na L4 Sul. As vítimas estavam no banco traseiro de um Fiesta, quando o veículo foi atingido na traseira pelo Jetta conduzido pelo advogado Eraldo. A perícia da Polícia Civil confirmou que o motorista que provocou a colisão estava a 110km/h, enquanto o carro da família trafegava a 60km/h. Com o impacto, o Fiesta saiu da pista, bateu em uma árvore e capotou. Mãe e filho morreram na hora.
A apuração da Polícia Civil indicou que a colisão no Fiesta ocorreu quando Eraldo realizava um racha com Noé Albuquerque, que dirigia uma Rover Evoque. Ambos confessaram à Justiça que estavam alcoolizados. A irmã dele, Fabiana de Albuquerque Oliveira, também seguia na L4, guiando um Cruze. Ela foi testemunha do caso.