Cidades

Artistas mantêm viva a tradição das festas juninas e se apresentam no DF

O brasiliense que curte festas típicas é cativado pelo som de artistas que têm o forró no sangue. Veja programação:

Alan Rios
postado em 23/06/2019 08:00
O forró clássico faz a festa em junho: trios animam a festa com formação simplesJunho é sempre uma festa! O período do ano marcado pelos arraiás não seria o mesmo sem a batida do zabumba, da marcação do triângulo e do toque da sanfona que dão o tom das comemorações, principalmente hoje, véspera do Dia de São João (leia Saiba mais). E, por trás dos instrumentos, existem histórias ricas de cada um dos personagens responsáveis por trazer o clima nordestino ao Distrito Federal. O brasiliense que curte festas típicas é cativado pelo som de artistas que têm o forró no sangue.

É o caso de Francisco Antonio de Carvalho, 70 anos, famoso pela alcunha de Chicão do Forró. Natural do Ceará, ele é um dos nomes que deixam a capital do país mais caipira nas comemorações juninas. ;Hoje em dia essa é uma cultura muito forte em Brasília, mas, no começo, o forró não tinha tradição aqui. Tivemos que lutar para sermos reconhecidos e valorizados;, conta. Ele foi um dos pioneiros da capital, chegou por aqui na década de 1960. Mas a saudade da terra natal bateu nos primeiros meses: ;O jeito de relembrar do Nordeste era cantando xote e tocando sanfona;. Como muitos conterrâneos estavam chegando à capital que nascia, logo eles foram se juntando, e tiveram uma grande ajuda dos programas de rádio.

;Conheci muitos instrumentistas cearenses, pernambucanos; e fomos criando grupos para tocar em festas. Até que vieram os convites para fazer parte de programas da Rádio Nacional e depois na Planalto. Tinha muita gente aqui de Brasília que queria matar a saudade do Nordeste ouvindo forró;, lembra Chicão. A partir daí, o sucesso do ritmo se estabeleceu e até uma organização foi criada, a Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal (Asforró), que reúne músicos de todas as idades. ;Como foi nosso povo que construiu Brasília e ficou por aqui naquela época, o forró também faz parte do sangue de muita gente, até os mais novos, filhos desse povo;, comenta Chicão, fundador da Asforró.

O brasiliense Vavá Gomes, 32, é exemplo do caso citado por Chicão. O pai é piauiense e sanfoneiro; então, o ritmo vem de berço. ;Com 5 anos, comecei a tocar triângulo e, com 10, acordeão. Até me dediquei muito aos estudos e pensei que seria professor de geografia, mas a paixão pelo forró me pegou e não largou mais;, brinca. Hoje ele faz parte do Trio Balançado, que está com agenda de show lotada neste mês. ;Por mim, era junho o ano inteiro! Essa é a melhor época, porque as músicas são boas, o clima é ótimo e as comidas típicas também. A gente fica em cima do palco, mas se diverte demais, mesmo trabalhando;.

Grande família

Unidos pela paixão do ritmo da zabumba, triângulo e sanfona, os forrozeiros do DF começaram a cultivar uma amizade forte e criaram laços quase familiares. Cada um com sua individualidade, eles deixam todas as diferenças de lado quando ocorrem os eventos juninos e comemorações, como o encontro anual de forrozeiros, em 13 de dezembro, no dia do aniversário de Luiz Gonzaga.

Tudo isso é organizado pela Asforró, como contou o presidente da associação, Marques Célio Rodrigues, 57. ;Nós temos como objetivo lutar pela permanência e existência da nossa cultura tradicional, que é rica e quase um patrimônio dos nordestinos de Brasília. Fazemos show gratuitos, apresentações em praças, palestras em escolas e muito mais, para que as pessoas sintam a alegria e importância desse ritmo;, descreve o tocador de zabumba.

Marques acredita que forró não é só composto pela música, mas pelo sentimento que ele traz, de saudade, alegria e diversão. É isso que Abílio Vieira, 66, sente. Nascido no Piauí, o morador de Ceilândia chegou a ouvir que ser músico era para vagabundo, mas não desistiu da arte. ;É que nem amor mesmo, podia pelejar para esquecer, mas está dentro de mim, não dá para me separar disso. Hoje, essa carreira já me levou para viajar o Brasil tocando, então é uma felicidade muito grande;, comemora. Abílio garante ainda que se apresenta em qualquer tipo de evento: ;Se me chamarem para tocar minha sanfona em um velório, eu vou;, ri.

Saiba mais

Celebração

O Dia de São João é comemorado em 24 de junho, data do nascimento de João Batista, pregador da Galileia que batizou Jesus Cristo, mas é a noite de 23 de junho que marca o início da celebração da festa de São João Batista.

Programação

São João do Boi de Seu Teodoro
Centro de Tradições Populares de Sobradinho (Av. Contorno Q 15 AE 2 ; Sobradinho, DF)
Hoje e amanhã, das 17h às 1h. Entrada franca. Classificação Indicativa Livre.

Arraiá do Bezerra
Lar dos Velhinhos do Bezerra de Menezes (Q. 14, AE 1, Sobradinho)
Hoje, a partir das 19h. Comidas típicas, brincadeiras e a imperdível quadrilha dos idosos, protagonizada pelos moradores do Lar dos Velhinhos do Bezerra de Menezes. Ingressos: 2l de leite. Classificação Indicativa Livre.

Arraiá Vegano
Chácara Tempero Vegano (DF-280, km 9. Chácara Tempero Vegano ; Zona Rural de Samambaia/DF)
Hoje, das 10h às 18h. A Tempero Vegano realiza arraiá na chácara. Comidas típicas, produtos artesanais, cachoeiras e terapias holísticas. Ingresso: R$ 6 (crianças até 6 anos não pagam). Classificação Indicativa Livre.

São João do Guará 2019
Guará 2, EQ 19/34 ao lado do Edifício Consei.
A partir das 17h. O 4; São João do Guará garante uma edição apaixonante com muitas barracas de comidas típicas, shows, quadrilhas e parque de diversões garantem a diversão do evento. Ingresso: R$ 8 (crianças até 10 anos não pagam). Classificação Indicativa Livre.

Festa Junina Faz Bem
Restaurante Faz Bem (407 Norte, Bl. E, lj. 59)
Hoje, a partir das 18h. Casa vegana realiza festa junina com canjica, espetinho vegano, pamonha, caldos, rabanada, pipoca,
cachorro-quente, milho cozido, feijão-tropeiro, jacalinhada, quentão, palito de linguiça e muito mais. Entrada Franca. Classificação Indicativa Livre.

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