Alan Rios, Darcianne Diogo*
postado em 21/06/2019 06:00
O Distrito Federal entrou no período de estiagem, com predominância de sol para os próximos meses. Com tanto tempo de céu aberto, a capital aparece como um dos melhores polos de captação de energia solar do país. No entanto, a inovação ainda não é bem explorada no DF. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a região está na 18; colocação no ranking das unidades federativas com painéis instalados. Quem vai na contramão desse atraso registra resultados positivos, como a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô/DF), que economiza R$ 25 mil por mês com energia elétrica, e a Universidade de Brasília (UnB), que deixa de gastar R$ 12 mil mensais devido aos equipamentos colocados nos câmpus da Asa Norte, de Ceilândia, Planaltina e do Gama.Entre os impasses para o consumo de energia solar em Brasília está a falta de investimento em políticas públicas e o difícil acesso à linha de financiamento para pessoas físicas. Segundo a vice-presidente de Geração Distribuída da Absolar, Bárbara Rubim, o DF tem vantagens para estar entre os primeiros colocados no desenvolvimento da fonte solar. ;Temos a questão da radiação, não chove tanto, além de ser uma área propícia para a construção de usinas;, afirma.
Em busca de adotar métodos sustentáveis, o aposentado Mário Ângelo Cherim, 62 anos, instalou um painel de captação de energia solar em casa. Morador de Vicente Pires, a residência, com área de 800 metros quadrados, é abastecida com a energia do Sol há um ano e meio. ;O meu genro tem uma firma de energia solar. Às vezes, o ajudo na criação de projetos. Então, para saber como era, resolvi experimentar e não me arrependi;, conta. Segundo ele, a instalação do equipamento trouxe benefícios, tanto para a preservação do meio ambiente quanto para a economia. ;A minha conta de luz vinha R$ 500. Hoje, eu pago só R$ 80. Além disso, é uma energia inesgotável, limpa e renovável.;
No Brasil, a situação melhora por causa de atitudes pessoais e empresariais. Entre 2016 e 2018, o aumento na capacidade de energia solar saltou de 0,1% para 1,4%, e cerca de 41 mil novas usinas foram instaladas, de acordo com o Caderno ODS 7 ; O que mostra o retrato do Brasil?, publicado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). ;Houve um crescimento grande nos investimentos em energia renovável nos últimos cinco anos. Em 2017, por exemplo, a soma da energia solar no país era de 0,7%, mas foi para 1,7% em março deste ano;, detalha José Mauro de Morais, pesquisador de energias renováveis do Ipea.
Custo
Entretanto, algumas barreiras podem tornar o processo lento para o consumo de energia renovável. ;O primeiro ponto é a falta políticas públicas por parte do governo, o que afeta a vinda de investimentos para cá, além de prejudicar a cadeia produtiva, que é extremamente importante, pois gera empregos. Também temos a questão do acesso à linha de financiamento. Temos algumas adequadas para pessoas jurídicas. Mas as pessoas físicas carecem de uma oferta representativa para que não tenham juros tão altos;, explica Bárbara Rubim, da Absolar.Apesar das dificuldades, a captação de energia solar tem efeitos em diversas áreas, pois preserva o meio ambiente e gera empregos. Segundo o pesquisador José Mauro, a meta é de que a emissão de gás carbônico, que provoca o efeito estufa e o aquecimento global, diminua 37% até 2025 com o uso da energia solar. ;Para atingir esse objetivo, temos de manter os leilões de compra e venda de energia elétrica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, cada vez mais, trazem oportunidades de energia solar e facilitam as formas de financiamento;, destaca Bárbara.
De acordo com a Absolar, até 2022, R$ 21,3 bilhões serão investidos no setor solar fotovoltaico, referentes aos projetos contratados em leilões no mercado regulado de energia elétrica. O preço também tende a diminuir para a geração centralizada (governo). Em 2015, o valor médio em dólar de energia solar era de US$ 78,32. Em 2018, baixou para US$ 33,25.
"Temos a questão da radiação, não chove tanto, além de ser uma área propícia para a construção de usinas;, Bárbara Rubim, vice-presidente de Geração Distribuída da Absolar.