Ao contrário do que disse o acusado de arrastar uma vendedora de balões por 100 metros, ao alegar que tudo não passou de uma ;brincadeira;, a Polícia Civil afirma que o motorista da Mercedes-Benz e a passageira do veículo tiveram a intenção de subtrair os balões. Os investigadores buscam provas para saber se o casal agiu com propósito de violência e se tinha consciência do ato.
;É tênue a linha entre furto e roubo com a lesão que ocorreu posteriormente, durante o arrastamento da vítima no asfalto;, comentou o delegado Josué Ribeiro, chefe da 12; Delegacia de Polícia (Taguatinga).
Willian Weslei Lelis Vieira, 34 anos, e a passageira do veículo, de 28 anos ; a polícia não informou o nome dela ;, se apresentaram na 12;DP, na companhia do advogado, na manhã de terça-feira. Dono de uma empresa de factoring, Willian alegou não ter notado que a vendedora de balões, Marina Izidoro de Morais, 63 anos, estava presa ao carro.
O crime aconteceu às 19h45 de sábado, na porta de uma escola particular em Taguatinga Sul, onde acontecia uma festa junina. Marina, que é diarista, vendia balões por R$ 15 cada. À polícia, ela contou que o casal se aproximou e pediu desconto. Ela, então, ofereceu o preço de R$ 10, mas os acusados teriam dito ter só R$ 25. Nesse momento, a passageira puxou a mercadoria da mão de Marina, fechou o vidro e Willian acelerou o carro. Presa às cordas das bexigas, ela foi arrastada pelo asfalto.
Na 12; DP, o caso foi registrado como lesão corporal. Policiais ouviram vítimas e acusados e, agora, colhem depoimentos de testemunhas para tentar desvendar a ação do casal a bordo da Mercedes. O delegado-chefe da unidade procura uma mulher que disse ter presenciado toda a ação. Ela publicou um texto em uma rede social. ;Por enquanto, não vejo necessidade ou justificativa de pedir a prisão do casal, até porque eles demonstraram pré-disposição para cooperar com o trabalho da polícia;, explicou Josué.
Crimes
Além da lesão corporal de trânsito, a polícia cogita a possibilidade de outros dois crimes: tentativa de homicídio e lesão corporal com a intenção de praticar um crime. ;No depoimento, o motorista e a passageira não reportaram episódio de xingamento ou discussão, a não ser a barganha pelo preço;, esclareceu o delegado.
Segundo Josué, o motorista disse ter escutado outros carros buzinarem, mas Willian pensou que fosse por ele levar os balões sem pagar. ;Ele também relatou ter pensado que as buzinas fossem por causa do semáforo ter aberto e ele demorado a sair com o carro;, contou o delegado.
Avaliado em R$ 220 mil, a Mercedes do acusado está apreendida, à espera de perícia. O delegado quer a prova de que Marina foi arrastada. ;Não há dúvida quanto a isso, mas precisamos da marca de sangue ou de pele deixada no veículo para materializar;, ressaltou. O delegado tem 30 dias para concluir o inquérito e relatar o caso ao Ministério Público.