Jornal Correio Braziliense

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Divergências

Pelo menos uma coisa ficou clara nas últimas mensagens entre Sergio Moro e procuradores, divulgadas na noite de terça-feira pelo The Intercept. Embora trocassem informações, havia rusgas e divergências entre as forças-tarefas de Rodrigo Janot na Procuradoria-geral da República e a de Curitiba. As conversas indicam um incômodo pelo envio de informações relacionadas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a São Paulo e não para Curitiba. Não dá para saber se os procuradores liderados por Deltan Dallagnol queriam arquivar, controlar ou tocar a investigação contra o tucano sobre caixa dois em campanha eleitoral. Os críticos de Moro interpretaram que ele não queria ;melindrar; um aliado.



Testemunhas

Os delegados da Polícia Federal que atuaram na força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba podem ser importantes testemunhas do suposto ;conluio; entre o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro. Lá, houve uma das mais bem-sucedidas integrações entre as instituições para investigações. Muitos, como o delegado Luiz Pontel, estão na equipe de Moro no Ministério da Justiça.



Nova rodada

Próximo teste de Sérgio Moro no Congresso será na quarta-feira na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Lá, os discursos serão mais agressivos.



Ministro da segurança

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, começou o dia ontem aparentando nervosismo, mas aos poucos foi dominando a audiência, seguro e batendo na mesma tecla: ;Não confirma a autenticidade das mensagens divulgadas pelo The Intercept, foi vítima de uma invasão em seu celular, trabalhou com imparcialidade na condução dos processos contra políticos corruptos e tudo não passa de uma campanha para desmoralizar a Lava-Jato;. Seguro, Moro negou que tenha feito treinamento com profissionais de comunicação para se preparar para a sabatina. ;Não preciso de media training para vir aqui falar a verdade;, afirmou ao senador Rogério Carvalho (PT-SE).



Lista difícil

Comentário de integrantes do Ministério Público é de que, na era Bolsonaro, a lista da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para a vaga na Procuradoria-geral da República, eleita nesta semana pela classe, será difícil de ser contemplada. A classe escolheu seus preferidos, nesta ordem: Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul. Todos são muito Ministério Público para o gosto de Bolsonaro.



Só papos



;Se houve irregularidade de minha parte, eu saio. Mas não houve. Eu sempre agi na lei, de maneira imparcial. (;) Há quatro anos, sou constantemente atacado por ter cumprido o meu dever;

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, sobre conversas no Telegram com procuradores da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba




;Moro, o senhor enganou milhões de brasileiros. Peça desculpas e tenha a humildade de pedir demissão, pois não cabe a uma pessoa com todas essas acusações graves ser chefe da Polícia Federal;

Senador Humberto Costa (PT-PE), provocando o ministro na audiência da CCJ do Senado



À QUEIMA-ROUPA


José Humberto Pires, Secretário de Governo do DF


Desde a transição, você recebe convites para ingressar no governo. Por que só agora aceitou?
Foi uma decisão difícil pelo foco que estava dando à minha vida. Mas aceitei e estou com muito entusiasmado, muita vontade de contribuir na gestão, na questão de ajudar o governador a fazer entregas.

Mas, mesmo fora do governo, você já vinha ajudando bastante...
Mas sem a obrigação da agenda. Agora, uma coisa é dar uma ajuda pontual. Outra coisa é assumir uma atribuição como essa.

Você vai ser um gerentão do governo?
Essa coisa da gestão, eu gosto muito. Mas o espírito que estou vindo é de muito desprendimento do poder. Eu quero mais é buscar uma integração da equipe, para a gente juntos encontrar as soluções para os problemas. Esse vai ser o meu papel, o de articulação interna e fazer com que as pautas prioritárias possam caminhar. Isso me desafia. Não estou atrás de títulos, de importância. Não serei de forma nenhuma maior que ninguém. Quero estar lado a lado com a equipe para buscar as soluções.

E isso deixa o governador Ibaneis mais livre para fazer política?
Eu entendo que ele terá em mim um colaborador que tem esse perfil de gestão, conhece Brasília e está com desprendimento grande para que ele possa ter um pouco mais de tranquilidade. Tranquilidade, não diria. Mas, pelo menos, aliviar um pouco dessa carga de gestão.

Qual é a diferença do trabalho da Secretaria de Governo e da Casa Civil, que será executado pelo advogado Valdetário Monteiro?
A Casa Civil vai cuidar mais dos aspectos legais e institucionais do governo. A Secretaria de Governo vai atuar na gestão. Terei mais condições de ajudar na integração dos programas desenvolvidos pelas secretarias, seguindo o programa de governo definido na transição e na campanha.

Qual é a prioridade?
Queremos ajudar a destravar projetos para incrementar o setor produtivo, gerar empregos e renda. Também atuar na relação entre as administrações regionais e os moradores, nessa relação direta com a cidade. Isso é muito importante. A saúde também é nosso foco. Estou muito animado para contribuir.