Jornal Correio Braziliense

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Vi a morte de perto

Investigação de caso de vendedora de balões arrastada por carro em Taguatinga Sul ainda não resultou em prisões, mas delegado afirma ter identificado autores e o vículo usado por eles, um Mercedes Benz branco modelo 2016, avaliada em R$ 220 mil



As pessoas que arrastaram uma vendedora de balões por mais de 100 metros em um carro em Taguatinga Sul, domingo, podem ser indiciadas por tentativa de homicídio. Investigadores identificaram um homem e mulher e uma mulher como suspeitos. Eles estavam em Mercedes Benz branca modelo 2016, avaliada em R$ 220 mil.

;Agora, somente as apurações vão poder dizer qual a proporção do fato. Dependendo, o caso pode evoluir de uma lesão corporal culposa (sem intenção) a uma tentativa de homicídio;, explicou o delegado Josué Ribeiro, chefe da 12; Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). A equipe da unidade analisou imagens de câmera de segurança e interrogou testemunhas.

Marina Izidoro de Morais, 63 anos, estava próximo a uma festa junina, no domingo, desde as 11h. ;Trabalho como diarista, passando roupa, mas preciso de uma renda extra, então também vendo esses balões;, contou. Por volta das 19h30, uma Mercedes Benz branca se aproximou. Nela havia um casal. O homem pediu dois balões, mas se irritou com o preço e pediu desconto. Marina explicou ao homem que não poderia abrir mão da venda. Ele pediu três.

;Quando fui pegar, a mulher puxou a corda que estava amarrada na minha mão, prendendo os balões. Quando ela fez isso, o homem fechou o vidro e arrancou com o carro, me arrastando;, lembrou a ambulante. Para ela, ter sobrevivido foi quase um milagre: ;Vi a morte de perto;. A vítima só não foi arrastada por uma distância maior porque os agressores abriram o vidro e os cordões se soltaram. ;Não tem o que explique. Só muita maldade;, lamenta Marina.

Prejuízo e ajuda

Quando Marina chegou ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), os médicos disseram que ela deu sorte. A diarista não teve ferimentos mais sérios, como lesões na cabeça ou fraturas. ;Fiquei muito arranhada, cheia de marcas e roxos. Ainda tenho muita dor, mas estou tomando remédio e passando pomada, agradecendo a Deus por estar viva;, comentou ela ontem, em entrevista ao Correio. O rosto, os braços e a perna foram os mais atingidos pelo asfalto. No punho, há ferimentos profundos da corda que ficou presa em sua mão.

;Além de tudo, a minha pochete rasgou e perdi dinheiro que estava nela, que eu tinha trabalhado o dia todo para ganhar. Era o que ia me ajudar a pagar o aluguel, mas o dono da casa foi compreensivo e deixou eu dar depois.; Os óculos também ficaram danificados com as pancadas do lado direito do rosto, mas os primeiros exames oftalmológicos não apontaram lesão nos olhos.

A diarista e vendedora conta que com os prejuízos vieram apoios de diferentes pessoas. ;Já me ligaram e mandaram muitas mensagens me oferecendo ajuda financeira. É muito bom ter esse acolhimento, porque não podia ficar sem trabalhar;, disse. Solteira, ela mora de aluguel com o filho em Taguatinga Sul. O jovem trabalha em um circo mambembe e faz bicos nos semáforos como palhaço.