Sobre ideias e identidade
Ser jovem é padecer num mundo de possibilidades. As ideias borbulham em mentes cheias de energia. Colocá-las em prática em um momento em que as oportunidades se mostram tão escassas, no entanto, não é tarefa fácil. E aí as incertezas de uma fase de transições e descobertas se mostram implacáveis. Qualquer plano traçado parece inútil.
Gerações que não cabem no alfabeto. X, Y, Z, millennials. De que milênio estamos falando mesmo? Parei no século 21. Paramos no 20 e flertamos com o 19. Nossas salas de aula refletem o passado e negam a milhões de crianças e adolescentes um futuro compatível com seus sonhos. E eles desistem de sonhar.
Esse turbilhão de sentimentos ao lado da constatação de que o sonho da adolescência não se concretizou (e que você nem tem mais os mesmos desejos ou prioridades) é de deixar qualquer um maluco. Tantas outras vezes filósofos, escritores, poetas e músicos tentaram decifrar ou desvelar essas incertezas em teses e canções. Embalaram coros revoltados ou traduziram sensações indescritíveis. Hoje, as redes sociais também são o espelho implacável dessa confusão.
Eu tinha todo o esboço na mente; convicção de que muito sairia conforme o planejado; e a certeza de que as chances de isso dar errado eram infinitas. Mas não adianta prever o resultado antes de a bola entrar em campo. É como acertar na Mega-Sena. Mais difícil, eu diria.
É preciso se organizar de alguma forma. O que vamos viver nos próximos séculos ; esses, sim, palpáveis e mais verdadeiros do que uma consoante ou um termo criado para explicar o inexplicável ; depende muito da forma como as novas gerações se percebem.
A busca pela tal identidade, como se define nos livros, transcende nações, transportada várias vezes ao redor do globo em selfies e stories de 15 segundos. Uma ideia com potencial para mudar o mundo pode levar esse curto período de tempo. Torná-la realidade, porém, é tão difícil quanto descobrir a própria identidade.