Mesmo com determinação da Justiça contra a greve desta sexta-feira (14/6), a Rodoviária do Plano Piloto amanheceu vazia. Com muitos carros e nada de ônibus, o brasiliense encontrou várias vias com lentidão e paradas de coletivos com poucas pessoas. Além de quem conta com a sorte para tentar usar o transporte público, muitos já arquitetaram caronas ou usam transporte pirata.
Foi o caso de Ana Paula Mendes, 27 anos, moradora de Taguatinga. "Eu trabalho na L2 Sul como secretária e vou no carro de uns amigos do serviço. A gente sempre tem que dar um jeito de ir trabalhar, porque se não cortam nosso ponto e perdemos dinheiro", comentou.
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Mesmo sabendo da greve, alguns ainda tentaram recorrer ao ônibus. Mariselia Torres, 30 anos, já imaginava que não conseguiria ir ao Lago Sul, onde trabalha como cuidadora de idosas. "Avisei meus chefes ontem que talvez não desse pra ir. Mas acordei cedo, me arrumei e vim para a parada para garantir. Talvez tivesse alguns ônibus rodando." Ela conta que só viu transporte para o Entorno hoje.
Além dos coletivos, o BRT também suspendeu as atividades. O Metrô-DF, de greve há 42 dias, está rodando como estava desde a paralisação. No momento, 22 trens circulam normalmente, com intervalo de 5 a 7 minutos.
Na estação de metrô Ceilândia Centro, o movimento foi baixo pela manhã. Poucos passageiros buscaram essa alternativa, surpreendendo até mesmo os funcionários. "Nós estamos de greve, mas cumprimos a determinação judicial de ter 75% dos trabalhadores do Metrô atuando. E o que vimos foi que a circulação de gente está bem abaixo do esperado", contou um funcionário que não quis se identificar.
Para ele, a greve é necessária porque é uma luta por direitos básicos que não foram cumpridos pelo governo. "As pessoas ficam com raiva, mas infelizmente é assim, paralisação sempre vai prejudicar alguém."
Transporte pirata
Em Samambaia, as paradas de ônibus estão vazias. As poucas pessoas que estão nelas esperam por carona ou um transporte pirata. A cozinheira Ivanir Pereira, 58, trabalha no Lago Sul e pega, diariamente, dois ônibus para chegar no destino. Hoje, o objetivo é chegar, pelo menos, na Rodoviária do Plano Piloto para tentar uma carona com os colegas de trabalho. "Eu estou há quase uma hora aqui. Mas vou tentar chegar de qualquer jeito, nem que seja de pirata. Porque, para a gente que trabalha para os outros, é constrangedor não ir trabalhar. Até porque conseguem ir e a gente não tem justificativa para faltar. Vou ter que chegar lá de qualquer jeito", disse.
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Do tempo que ficou na parada de ônibus, a cozinheira contou que passou um micro-ônibus pirata, no entanto, já bastante lotado. Na saída da cidade, em frente ao Hospital Regional de Samambaia (Hrsam), os motoristas enfrentam congestionamento.
A fiscalização foi intensificada para combater o transporte pirata. Viaturas do Detran estão em pontos estratégicos de Ceilândia, por exemplo.
Rodoviária vazia
Enquanto as paradas das cidades satélites permaneciam lotadas, a Rodoviária do Plano Piloto estava vazia. Praticamente não há filas nos guichês. Os trabalhadores que dependem de transporte público chegam aos poucos pelos pirata, que estacionam dentro das baias no terminal rodoviário. A recepcionista Rose Silva, 26, moradora do Entorno, conseguiu chegar à rodoviária, mas agora não sabe como vai concluir o trajeto para no seu trabalho, na L4 Norte.
"Para chegar já foi difícil, os ônibus estão reduzidos. Agora não sei nem se vou conseguir ir até o serviço. Já estou atrasada". A alternativa foi procurar o transporte irregular. "Não tem outro jeito", lamenta. A única empresa que está saindo do terminal é a TCB.
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