Ainda trêmulo e sem conter as lágrimas, Marcelo Soares Brito, 40, descreveu crime que presenciou no apartamento do terceiro andar de um prédio residencial do Cruzeiro Novo. ;Foi horrível. Ele deu um tiro na cabeça do Francisco e o sangue voou na parede;, relembra. Na noite desta quarta-feira, dia dos namorados (12/6), o síndico do prédio, Joenil Queiroz, de 50 anos, matou a própria esposa, Francisca Náidde de Oliveira Queiroz, 57, e baleou o companheiro de Marcelo, Francisco de Assis, 42.
Marcelo e Francisco são companheiros e estão juntos há cinco anos. Eles moravam no bloco G, onde o crime aconteceu, mas há cerca de um ano, decidiram se mudar para um condomínio em Santa Maria. Eles mantiveram o aluguel do apartamento, mas quem passou a habitar o local foram as primas de Marcelo, Irina e Raína Rocha. Segundo o sobrevivente, logo que foi morar no apartamento, o síndico lhe tratava com educação, mas depois de algum tempo o comportamento mudou. ;Não nos cumprimentaa mais e a gente não sabia o motivo;, relata.
Diversas vezes ele e Francisco iam ao prédio visitar as primas, mas Joenil, que é sargento da reserva da Aeronáutica, nunca falava com eles. Na terça-feira, o casal foi ao apartamento buscar um computador e quando estavam se despedindo de Irina e Raína, o militar, que estava com a esposa, os avistou. ;Ele foi pra casa e desceu armado. Estava muito nervoso e disse que queria conversar com o Francisco. Ele disse que não iria sozinho, então eu fui junto.;
Joenil, Francisca, Marcelo e Francisco foram até o apartamento do síndico em silêncio e lá ele mandou que todos se sentassem. ;Ele começou a falar coisas que eu não sei de onde tirou. Disse ao Francisco que sabia que ele estava tendo um caso com a mulher dele, alegou ter vídeos dos dois juntos e mandou ele confessar. Se ela tinha um amante, não era ele. Coloco a mão no fogo por ele;, disse emocionado.
Francisco é motorista de Uber e teria feito algumas corridas para a mulher, o que teria motivado a raiva de Joenil. ;Ele confessou que teria aplicado uma correção na esposa batendo nela. Depois disse que ia mostrar como resolvia uma situação com quem se envolve com mulher casada: ou se corta o pinto ou se tira a vida.; Foi então que o militar atirou em Francisco e em seguida na esposa. Em meio ao caos, Marcelo conseguiu escapar pela porta que estava aberta e saiu correndo e gritando até conseguir se esconder em um ponto de táxi e ligar para um amigo pedindo socorro.
Joenil ainda correu atrás, mas foi pego por Policiais Militares assim que saiu do prédio. As primas de Marcelo chamaram os oficiais assim que a confusão começou. Antes de morrer, Francisca teria dito que tinha Francisco como filho. ;Uma pobre senhorinha. Eu nunca soube nem o nome dela;, chorou Marcelo, amparado por Raína.
Saiba mais
Francisca foi morta a tiros na noite desta quarta-feira (12/6). Joenil Queiroz, é síndico do prédio, pastor e atirou ao menos cinco vezes contra as vítimas. Ela morreu na hora e teria entrado na frente de Francisco na hora dos disparos. Ele foi atingido na cabeça e no tórax e encaminhado em estado grave para o Hospital de Base. Com Joenil, a polícia encontrou uma pistola calibre .380.
Segundo moradores que não quiseram se identificar, Joenil era pastor e sempre mandava mensagens de paz e amor pelas redes sociais. ;Estava sempre falando de Deus, era educado e cumprimentava a todos;, declarou um vizinho. O caso é investigado pela 5; Delegacia de Polícia (Área Central)