Jornal Correio Braziliense

Cidades

Inovação em patologia gastrointestinal

Heinrich Seidler, do Laboratório Brasiliense

Referência nacional em patologia gastrointestinal, o Laboratório Brasiliense foi fundado há mais de 50 anos por Edy Bender. Voltado para o ramo de diagnóstico médico de médio porte, o laboratório prestava, inicialmente, serviços de análises clínicas, até que, em 2005, o médico Heinrich Seidler fez o doutorado em patologia gastrointestinal na Universidade de Medicina e Odontologia de Tóquio, no Japão, e expandiu o serviço no negócio, como a anatomia patológica (avaliação de biópsias). ;Ao retornar ao Brasil, encontrei três situações muito importantes para definir o trabalho atual do laboratório: o movimento de grandes empresas do ramo médico em direção a Brasília; o Distrito Federal é um dos polos nacionais da gastroenterologia, com a prestação de serviços de alto nível; e por último, a oncologia gastrointestinal é um ramo em pleno desenvolvimento da medicina, com grande investimento da indústria farmacêutica;, destaca Heinrich.

Baseado nos estudos que teve no Japão, o médico encontrou na capital federal um campo fértil para a prestação de serviços e desenvolvimento científico na patologia gastrointestinal. A partir de parcerias sólidas com os médicos assistentes, o Laboratório Brasiliense foi adquirindo maturidade, e hoje oferece um diagnóstico altamente especializado e indispensável na abordagem dos pacientes com doenças do trato digestivo.

Heinrich expandiu o serviço para a biologia molecular, em parceria com a indústria farmacêutica. ;O propósito foi combinar nossa expertise em diagnósticos complexos com a tecnologia da biologia molecular;. Em 2017, o Laboratório Brasiliense iniciou uma parceria com a Amgen, uma das maiores companhias de biotecnologia independentes do mundo para avaliar os casos de câncer de intestino em Brasília. Mas rapidamente, começou a receber demandas de todo o Brasil. ;Convidei um pequeno grupo de oncologistas altamente capacitados e com larga experiência clínica do Hospital Sírio-Libanês de Brasília para ajudar na interpretação dos dados e destilar as informações importantes para a prática clínica;. As informações foram apresentadas no Congresso Americano de Oncologia (Asco).







Que desafios enfrenta nos negócios?
Os principais são o reconhecimento da qualidade de serviço pela classe médica; manter um processo constante de investimento, apesar da deflação da remuneração dos serviços médicos; educação e treinamento dos funcionários (muito do treinamento é feito dentro da própria empresa); competição como marca com grandes empresas de porte nacional; competição com valores com laboratórios de baixa complexidade.

Qual diferencial o negócio apresenta em relação à concorrência?
Trabalhamos em uma subespecialidade médica, a patologia gastrointestinal, área fundamental para o diagnóstico de doenças do trato digestivo e indispensável, em muitos casos, para o tratamento dos pacientes. O foco nessa área permitiu o desenvolvimento de uma capacidade muito elevada de resolução de casos complexos, formando um diferencial grande em relação aos laboratórios gerais. Esse suporte ao processo diagnóstico acaba agregando valor ao serviço dos médicos assistentes (aqueles que possuem contato direto com o paciente) por fornecer diagnósticos precisos e segurança de trabalho. Um ponto importante é que esse trabalho não ocorre de modo isolado, mas em parceria com os médicos.

E como é a formação da equipe de trabalho?
A equipe é formada de um modo geral por funcionários treinados no próprio laboratório. A nossa tendência é captar estudantes da área de saúde com aptidão para o trabalho e treiná-los como estagiários até a época da formatura. Após a formatura, eles são contratados para integrar o quadro de funcionários. Esse sistema não apenas forma funcionários altamente treinados, como também permite a eles incorporarem o espírito da empresa.

Que decisões o senhor precisa tomar hoje para construir uma empresa de 100 anos?
A empresa precisa se manter socialmente relevante, atenta às inovações tecnológicas e participando ativamente de descobertas na medicina. O modo de conseguir isso é expandindo e aprofundando a parceria com os médicos assistentes e formando outras com a indústria farmacêutica. Mais uma decisão importante é o investimento no aprimoramento no processo de digitalização de informações, aumentando a nossa capacidade de análise de dados complexos, de traduzir dados em informações e de gerar conhecimento para a comunidade médica e científica.