O barulho de explosão será algo comum nas manhãs de Vicente Pires pelos próximos meses. Ontem, a Defesa Civil iniciou a sequência de detonação de dinamites na Rua 8 para destruir uma rocha no subsolo e construir um túnel de captação de águas pluviais. A ação faz parte do pacote de obras de infraestrutura da cidade. As explosões devem ocorrer diariamente, exceto no fins de semana, entre as 9h e as 10h.
Por volta das 9h40 de ontem, técnicos detonaram a primeira dinamite. Foi possível ouvir um grande barulho, porém abafado. A rua foi bloqueada por cerca de 15 minutos, e as pessoas orientadas a se afastarem do local ou a se manterem em casa. Os explosivos foram colocados a 12m de profundidade e não há risco para os moradores, segundo o gerente de produtos perigosos da Defesa Civil, Gleydson Andrade. ;Não tem lançamento de materiais. O local está fechado. A população só precisa obedecer às restrições de acesso. As explosões devem durar entre 20 e 30 minutos, período em que haverá bloqueio da circulação de carros e de pessoas na região;, orienta.
Andrade explica que a quantidade de dinamite foi calculada para não causar impactos na rua. Devido ao número de explosivos, o avanço será lento, abrindo cerca um metro de rocha por dia. O gerente da Defesa Civil ainda destaca que a equipe está usando um aparelho sismógrafo para observar as vibrações. ;Vamos acompanhar os dados diariamente. Se for necessário, a gente diminui a quantidade de explosivos;, detalha.
Transtorno necessário
Não é de hoje que a população de Vicente Pires sofre com a falta de escoamento da água da chuva. De longe ou pela porta de suas residências, moradores da rua acompanhavam ontem a operação que visa resolver o problema da comunidade.
A auxiliar de serviços gerais Francisca Maria Mendes, 44 anos, disse que o transtorno com as explosões não chega nem perto das dificuldades que eles enfrentam. ;Quando chove, não tem quem passe na rua. A água fica no joelho. A obra vai trazer benefícios para a gente. Vamos poder sair de casa despreocupados.;
Para o servidor público Huston Monteiro, 36, se for para melhorar a situação da rua, o transtorno com as obras vai valer a pena. ;A gente sofre muito na época da chuva. Agora é ter paciência e aguardar a obra para saber se vai melhorar;, ressaltou.
Já a autônoma Erika Cristina Carvalho, 24, teme que as explosões diminuam ainda mais a clientela do comércio. Ela, que trabalha em um restaurante da família, comenta que sentiu a queda no movimento. ;O comércio está bem fraco. O povo evita vir aqui, sem contar a poeira, que atrapalha muito;, lamentou.
Segundo a Defesa Civil, a destruição da rocha deve durar cerca de nove meses. O uso de dinamites ajuda a acelerar o processo, de acordo com Gleydson Andrade. Também participam da operação o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o Departamento de Trânsito, a Polícia Civil e a Administração Regional de Vicente Pires.
Para saber mais
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Obras custam R$ 463 milhões
A construção do túnel faz parte das obras de uma rede de captação de águas pluviais, iniciadas em setembro de 2015. As intervenções deveriam ter sido finalizadas em dezembro de 2018. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, anunciou que pretende entregar ao menos 80% das obras ainda este ano.
O investimento é de R$ 463 milhões e vai atender 2,2 mil hectares, beneficiando mais de 75 mil moradores. Além da estrutura para captar água da chuva, o projeto ainda deve pavimentar mais de 253 quilômetros de rua e construir 468 quilômetros de meios-fios. A previsão de entrega das obras é em 2020.