Policiais civis investigam a origem dos laboratórios responsáveis por produzir parte das drogas sintéticas distribuídas no Distrito Federal. Ontem, durante a Operação Tridente, agentes prenderam 17 traficantes, empresários, motoristas de aplicativos e ;laranjas;, todos acusados de integrar um esquema criminoso para o comércio ilegal de entorpecentes. Durante o cumprimento dos mandados, os investigadores fizeram a maior apreensão de substâncias sintéticas na capital federal: 8,4 mil comprimidos de ecstasy, encontrados na casa de um dos envolvidos.
Agentes da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco), unidade da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública (Cecor), investigam a quadrilha há sete meses. Policiais chegaram até o núcleo de suspeitos com a Operação Arpão, deflagrada em 2018. À época, identificou-se que o fornecimento dessas drogas chegavam ao DF por Goiás e Minas Gerais. ;Mantinha-se uma complexa rede de disseminação na capital. Quando a droga chegava aqui, um distribuidor local destinava motoristas de aplicativos para entregarem os entorpecentes para outros envolvidos no esquema. Ele seria o único no Distrito Federal a ter contato com os responsáveis pelos laboratórios de sintéticos;, detalhou Adriano Valente, diretor da Draco.
A partir desse esquema, os entorpecentes chegavam aos pequenos traficantes, que comercializavam as mercadorias nas ruas. Mas os principais alvos da segunda fase da operação são empresários e djs responsáveis por boates, casas de shows e eventos de música eletrônica em Brasília. Esses últimos não realizavam a venda direta, mas designavam pessoas para oferecerem as drogas ao público dessas festas.
De acordo com o delegado Ulysses Fernandes, da Draco, na véspera de festivais e de raves, os grandes traficantes chegavam a enviar 40 mil comprimidos de ecstasy. ;Eles usavam laranjas para não chamar a atenção. Outra forma de tentar driblar a polícia era misturar o dinheiro sujo (das drogas) com o lícito, advindo das contas das festas;, explicou.
PCC
Os comprimidos apreendidos ontem estão avaliados em R$ 420 mil e, como o grupo agia havia pelo menos dois anos, os policiais não conseguiram estimar o lucro obtido pela quadrilha no período. Os responsáveis por trazer as drogas para o Distrito Federal também não foram identificados, mas a Draco continua a investigação. ;Sabemos que um membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), morador do estado de Goiás, também coordenava esse esquema. Ele agia dentro do presídio no estado vizinho e, desde que foi solto, em fevereiro deste ano, continuou com a atividade ilícita. Além da venda de entorpecentes, o homem captava novos integrantes para a célula;, ressalto o delegado Ulysses.
Além disso, segundo a investigação, um bar do complexo da Yurb, no Setor de Clubes Esportivos Sul, também foi alvo de buscas e apreensão. O dono do estabelecimento não está preso, mas os agentes apuram a ligação dele com o grupo criminoso. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias de todos os acusados.
Em nota, a assessoria da Yurb esclareceu que os responsáveis pelo local ;desconhecem qualquer tipo de prática ilícita em seu espaço, assim como de seus colaboradores, repudiam o tráfico e o consumo de drogas e se colocam, como sempre estiveram, à disposição para colaborar com autoridades.;
Cinco pessoas estão foragidas desde a deflagração da Operação Tridente. Inicialmente, responderão por tráfico de drogas e associação criminosa para o tráfico. Os mandados de prisão e de busca e apreensão ocorreram simultaneamente em três unidades da Federação. No DF, os alvos foram no Guará, Paranoá, em Samambaia, Taguatinga, Águas Claras e no Riacho Fundo 1. Em Minas Gerais, em Belo Horizonte e Patos de Minas. E, em Goiás, na capital e nos municípios de Pirenópolis e Anápolis. Além dos presos na segunda etapa da investigação, 10 pessoas são investigadas.
Primeira etapa
A ação foi deflagrada por agentes da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá), em outubro do ano passado. Resultou na prisão de 12 pessoas no Itapoã, em Samambaia e no Plano Piloto, todas acusadas de vender drogas sintéticas no Distrito Federal. Os investigadores apreenderam 300 comprimidos de ecstasy, um tubo de LSD em gotas e 1,5kg de cocaína.
"Mantinha-se uma complexa rede de disseminação na capital. Quando a droga chegava aqui, um distribuidor local destinava motoristas de aplicativos para entregarem os entorpecentes para outros envolvidos no esquema. Ele seria o único no Distrito Federal a ter contato com os responsáveis pelos laboratórios de sintéticos;
Adriano Valente, diretor da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco)