Todos os anos, no último final de semana de maio, a população chilena é convidada a conhecer museus, prédios históricos públicos ou privados e instituições ligadas à cultura do país. As portas ficam abertas, e a entrada é gratuita no que ficou conhecido como Dia do Patrimônio Cultural do Chile. Para seguir a iniciativa, a Embaixada do Chile, em Brasília, expõe na residência oficial um acervo que cobre boa parte da história da arte chilena. "São obras que falam sobre a cultura chilena através da pintura", explica Cristián Oschilewski Lucares, primeiro-secretário e encarregado de assuntos culturais da embaixada.
Durante este sábado (25/5), o público poderá passear pelos salões da residência e ter acesso a obras de mestres chilenos dos séculos 19 e 20. São pinturas, gravuras, mobiliário, esculturas e tapeçarias especialmente reunidas para valorizar a arquitetura da casa e o momento da história em que foi concebida. Projetada pelo arquiteto chileno Juan Echeneque Guzmán e inaugurada em 1977, a casa que serve de residência para o atual embaixador Fernando Schmidt foi uma espécie de afirmação da importância das relações entre Brasil e Chile na época em que os dois países estavam submetidos a uma ditadura militar. Então presidente do Chile, o general Augusto Pinochet tinha o Brasil como um aliado na América Latina e quis valorizar as relações diplomáticas entre os dois países.
As portas da embaixada foram abertas ao público para o Dia do Patrimônio, pela primeira vez, em 2017. Um total de 400 visitantes passaram pelo local. Esse número foi reduzido a 60, no ano passado, por conta da greve dos caminhoneiros. "Esperamos para 2019 um bom número", diz Cristián Oschilewski. "A coleção foi montada como uma certa crítica histórica e mostrando como as influências da arte europeia foram gerando a arte local. Aos poucos, os artistas chilenos procuraram temas nacionais." Durante as visitas, funcionários da embaixada estarão disponíveis para responder às perguntas dos visitantes e para contar curiosidades sobre a residência e seu acervo.
Salão azul
É o salão com maior número de obras mais recentes, com paisagens urbanas de Camilo Mori, Carlos Pedraza e Rafael Correa. Mori é o fundador do Grupo Montparnasse, que reunia, nos anos 1920, artistas que trabalhavam com as ideias modernistas das vanguardas europeias. Já Correa praticava uma pintura mais acadêmica, focada na representação dos costumes e das paisagens. A maior tela dessa sala, Manhã de cordilheira, foi pintada por Alberto Valenzuela Llanos, que morou em Paris justamente quando o impressionismo e o expressionismo ganhavam os ateliês dos artistas.
Salão vermelho
Uma tapeçaria belga do século 16 que evoca cenas de caça é a estrela desta sala. A peça delicada e antiga funciona como uma alegoria: embora não haja nenhum ser humano representado, são os elementos típicos das caçadas que aparecem na paisagem. Mais modernos, dois retratos de Maruja Vargas, esposa de Camilo Mori, ajudam a dar um ar mais contemporâneo ao salão, que tem ainda pinturas de artistas como Pedro Lira, Juan Francisco González e Benito Rebolledo.
Hall de entrada
Uma tapeçaria belga do século 18 é a estrela do corredor de entrada da residência. Nela, uma cena do Novo Testamento narra a história da decapitação de São João Batista. Em frente, escultura em mármore do italiano Raffaello Romanelli traz uma representação também bíblica: a de Ruth.
Dia do Patrimônio Cultural do Chile
Neste sábado (25/5), das 10h às 12h, na Embaixada do Chile (Setor de Embaixadas Sul 803, lote 11).