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'Não é privatizar por privatizar', diz deputado distrital Cláudio Abrantes

Projeto que libera organização de órgão públicos pela iniciativa privada ainda precisa de muita discussão e acordos


Responsável pela articulação do governo na Câmara Legislativa, o deputado distrital Cláudio Abrantes (PDT) afirma que a privatização de empresas públicas, como a CEB, a Caesb e o Metrô, ainda é embrionária. Segundo ele, proposta dependerá de diálogo para se efetivar e tem como objetivo melhorar serviços e mudar o quadro deficitário das companhias.
[SAIBAMAIS]Abrantes foi entrevistado nesta segunda-feira (20/5) no CB Poder ; parceria do Correio com a TV Brasília. No programa, ele comentou também os ruídos entre o Executivo local e a Câmara Legislativa. ;Havia uma dificuldade de acesso e de fluxo dos deputados, tanto com o governador quanto com os secretários, mas isso tem mudado. O governador interveio e tem atendido quando possível e exposto as dificuldades do DF;, destacou.
O parlamentar elogiou a ação das forças de segurança no DF e declarou que houve avanços na redução dos índices de violência. Abrantes também destacou a paridade da Polícia Civil, atualmente parada no Ministério da Economia. ;É um trâmite que foi retardado, mas não extinto. Realmente, é um momento de segurar recursos, mas (Jair) Bolsonaro é um presidente que foi eleito sob a égide da segurança pública e isso deve pesar.;

O governo quer privatizar algumas empresas, como CEB, Caesb, Metrô. Como a Câmara Legislativa tem visto essa proposta, que terá de passar pelo Plenário?

Tivemos audiência pública, na semana passada, para debater essas questões. Discutimos com vários representantes das estatais. Vai ser uma situação dialogada. O secretário (de Fazenda) André Clemente foi bem claro nisso. A Câmara espera esse diálogo. Alguns deputados veem com um grau de apreensão essa ideia. Isso porque são empresas essenciais no dia a dia da população. A decisão vai ser tomada mediante um acordo muito bem estabelecido. O governo passa por dificuldade financeira muito grande. Por conta disso, deve-se trabalhar para que essas empresas tenham superavit.

Para onde irá o dinheiro arrecadado?

O debate sobre privatização no DF ainda é embrionário. A gente não tem uma coisa muito concreta. Temos uma Lei de Diretrizes Orçamentárias que escancara a situação financeira do DF. Temos um investimento muito baixo. Essa questão da privatização está mais ligada ao governo não retirar recursos do caixa, mas garante que os serviços sejam bem-feitos.

Como lidar com a resistência dos trabalhadores? São categorias fortes...

Eu, pessoalmente, tenho recebido todas as representações. Acredito que a Câmara vai ajudar nisso. As instituições devem ser ouvidas. Não é privatizar por privatizar. Aliás, essa é só uma das alternativas. Temos tratado a questão da liderança ouvindo muito os deputados e a população. Foi o que houve no Instituto Hospital de Base, no Passe Livre. A gente tem trabalhado dessa maneira, a gente busca o equilíbrio entre a posição dos parlamentares e do governo.

A LDO foi apresentada para a Câmara sem previsão de reajustes. Como o senhor vê isso?

Talvez, pela primeira vez, tenhamos uma LDO verdadeira. Geralmente, se manda uma coisa na LDO e na LOA (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que não se concretiza depois. Essa LDO é real. A tão falada estabilidade financeira deixada pelo governo anterior não se vê na prática. O GDF tem um passivo imenso com os servidores.

O senhor deixou a base do governo Rollemberg por causa da questão da paridade da Polícia Civil. Acredita que agora ela sairá?

Em qualquer atividade humana tem que se trabalhar com transparência e verdade. O que acontecia no governo anterior é que não havia transparência. Tivemos secretário de Fazenda dizendo que o problema não era econômico, era político. O que a gente tem agora é que as dificuldades estão sendo postas para todo mundo. A Polícia Civil se reorganizou do ponto de vista de investimento, cortou nomeações e achou uma fórmula de médio prazo para conseguir, em seis parcelas, colocar a paridade, que é a mesma proposta que pode ser seguida para PM e CBMDF.

Hoje, é difícil que Bolsonaro aprove a paridade...

Hoje, no Brasil, só se fala de reforma da Previdência. Mas o que a gente tem visto, acompanhando o processo no Ministério da Economia, é que já passou por várias fases; É um trâmite que foi retardado, mas não extinto. Realmente, é um momento de segurar recursos, mas (Jair) Bolsonaro é um presidente que foi eleito sob a égide da segurança pública e isso deve pesar.

O governo teve dificuldades na Câmara nos primeiros meses. O que causou isso?

Havia uma dificuldade de acesso e de fluxo dos deputados tanto com o governador quanto com os secretários, mas isso tem mudado. O governador interveio e tem atendido quando possível e exposto as dificuldades do DF.

Tem deputado assumindo administrações regionais. Isso pode ajudar?

É possível que ajude porque o deputado quer ter mais poder naquela região, quer intervir mais e vai poder com um cargo assim. A questão do suplente que possa assumir vamos ter que conversar e obviamente chamar para a base. Teremos tempos difíceis, mas queremos manter a linha de diálogo e de transparência. Eu mesmo, como líder, não me furto de me colocar contraproposta do governo para construirmos juntos uma ideia melhor.

Como o senhor vê a segurança pública no DF hoje?

A Segurança Pública do DF é disparada a melhor do país. Trabalho da Polícia Civil, da PM e do Corpo de Bombeiros é exemplar. A Polícia Civil teve índices de solução de crimes de Primeiro Mundo, quando tinha mais atenção do governo.

A população ainda não sente essa mudança. O que falta?

A sensação de segurança está ligada muito à presença física. A PM trabalha com pouco mais de 10 mil policiais quando deveria ter 18 mil. A reforma da Previdência ainda vai incentivar a reserva. Isso impacta nessa sensação. Estamos lutando para que concursados recomponham os quadros dessas corporações.