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Produtores do DF e Entorno investem no cultivo de maçã, pêssego, pera e uva

Produtores rurais do Distrito Federal e do Entorno apostam no potencial da região para espécies de clima temperado e investem no cultivo de maçãs, pêssegos, peras e uvas. Vinho de qualidade também está na mira de empreendedores locais

Mariana Machado
postado em 13/05/2019 06:00
Os produtores Edson Carlos da Silva e Kheity Cardoso iniciaram o plantio experimental de maçã em Cristalina, cidade goiana distante 140km de Brasília: em 2018, foram colhidas 25 toneladas por hectare

Depois de o morango e a goiaba terem conquistado as terras dos produtores rurais do Distrito Federal, a aposta agora recai sobre frutas de clima diferente do cerrado. Maçã, pêssego e pera são as próximas delícias que devem semear as lavouras do Planalto Central, ao menos é o que espera quem investe nelas.

Em 2010, o sócio e produtor da empresa agrícola Brava, Edson Carlos da Silva, 49 anos, começou a plantar maçãs de forma experimental em Cristalina, cidade goiana a cerca de 140km de Brasília. O projeto piloto ganhou peso em 2015 com uma lavoura de dois hectares. ;Foi uma questão de adequação. Trouxemos uma espécie mais adaptada às nossas condições climáticas;, explica Edson.

A maçã escolhida foi a do tipo eva, que, diferentemente da fuji, mais comum na Região Sul do Brasil, lida bem com o clima do cerrado. Agora, o produtor observa os primeiros resultados com otimismo. ;Em 2017, colhemos 20 toneladas por hectare. No ano passado, 25 toneladas, e o potencial é ainda maior. A fruticultura tem um valor agregado bastante interessante, porque você pode trabalhar em áreas menores;, explica Edson. Nos cálculos dele, em termos de faturamento, plantar um hectare de fruta é o equivalente a 30 hectares de soja.

Além da maçã, o produtor iniciou o cultivo de pêssego. ;É a cultura que tivemos mais dificuldade de entender a parte fisiológica do desenvolvimento local. Observamos que a floração ocorria em março e, com isso, os frutos vinham pequenos e não comerciais;, recorda. Para corrigir o problema, a solução foi simples: mudar a época de poda, do meio para o fim do ano. Com isso, a expectativa é de que, em outubro, durante a colheita, os pêssegos estejam maiores, mas tão doces quanto a última safra. ;Essas frutas são trabalhadas apenas nos extremos do país, no Sul e no Nordeste. Tê-las aqui no centro nos dá uma condição competitiva muito boa;, conclui Edson.

Para incentivar os agricultores do DF a plantar essas frutas, o produtor montou um pomar no parque da AgroBrasília ; a exposição começa em 14 de maio (veja Programe-se) ; e dará orientações a quem quiser saber mais sobre o cultivo. Ele também escolheu o espaço para plantar as primeiras mudas de pera-d;água, variedade com potencial de desenvolvimento no cerrado. ;Estamos bem no início, mas imagino que, daqui para a frente, a fruticultura vai crescer em função da própria procura dos produtores por conhecer novas opções;, prevê. A maçã, aliás, é uma das preferidas do brasiliense. Até abril de 2019, segundo as Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa), mais de 3 milhões de quilos da fruta foram comercializados.

Potencial

Os agricultores locais escolheram a maçã do tipo eva, comum na Região Sul do país, para cultivar no cerrado

Para quem é especialista no assunto, Brasília está mais do que apta a se tornar polo produtor dessas frutas. O pesquisador de fruticultura da Embrapa Cerrado Tadeu Graciolli destaca que, desde 2008, ele via esse potencial. ;Aqui, temos um clima tropical de altitude. E dá certo investir nessas culturas: temos noites bem frescas nessa época do ano, que são importantes para garantir a dormência adequada, e a condição de clima seco ajuda bastante nisso;, explica.

Segundo ele, os agricultores precisarão ter um planejamento cuidadoso e atenção na escolha. ;Nem toda variedade vai se adaptar aqui. É preciso ter noção de mercado. A atividade agrícola tem risco natural muito elevado. Você pode ter intempérie climática, praga ainda não detectada, superoferta de produto. O risco é alto;, alerta.

Riscos

Tadeu Graciolli, pesquisador de fruticultura da Embrapa Cerrado, explica que, apesar do potencial de faturamento ser maior para as frutas, uma vez que demanda uma área muito menor, os perigos também são maiores. ;O produtor deve saber dos riscos, porque as culturas são caras. Não é brincadeira, não é a mesma coisa que plantar um hectare de milho;, exemplifica. ;Se você planta milho, vem uma chuva de granizo e dá errado, você já pega o saco e começa tudo de novo, mas a maçã leva dois anos e meio para ficar pronta, e a muda custa R$ 15;
então, é arriscado;.

Comércio de frutas no DF

As frutas de clima temperado estão entre as preferidas dos brasilienses. Veja o último levantamento das Ceasa sobre o comércio delas entre janeiro e abril de 2019.

; Maçã - 3.727.804kg
; Uva - 617.069kg
; Pêssego - 55.823kg
; Pera - 319.126kg

Programe-se

No dia 14 de Maio comeca a AgroBrasilia, a maior feira de tecnologias e novidade no campo da agronomia. Local: Pad DF

De amanhã a 18 de maio, ocorrerá a AgroBrasília (foto), uma das maiores feiras de agronegócio do país. Os visitantes poderão encontrar 450 expositores, que trarão novidades em tecnologia e inovações do setor agrícola.

; Onde: Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, na BR 251, PAD-DF
; Horário: das 8h30 às 18h
; Quanto: entrada franca

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