Ameaçava chover feio no Paranoá, e a galera do Poesianoá teve que procurar um espaço coberto para realizar a segunda edição do evento. Atravessaram a rua da praça da 21, onde rolou a primeira edição, e encontraram abrigo no bar Esquina Preciosa, aberto há dois meses por Gilberto Barral e Elimárcia Aguiar. Hoje, na noite da terceira edição do evento, os dois proprietários publicarão um zine chamado O Preciosa, com produções de artistas locais e uma entrevista com o fotógrafo Kadan Lopes.
Kadan, o namorado Jadson e outros jovens paranoenses são integrantes do coletivo Noiz por Noiz e organizam o Ensaio Aberto, na quadra coberta, a 100 metros da pracinha. Ao lado da quadra, fica um prédio abandonado onde funcionava uma biblioteca, local em que ocupam também com um evento de black music. Além disso, Jadson e Kadan são responsáveis pelos registros fotográficos do Poesianoá. Kordial, um dos organizadores do evento, é também organizador da batalha de rap, que acontecia toda sexta na praça central e migrou também para a praça da 21.
Esses jovens e ativos agentes culturais do Paranoá têm em comum o espaço público que ocupam e a carência de alternativas culturais na cidade. Paradoxalmente, a cena nunca esteve tão efervescente e nunca houve tanta poesia no ar no Paranoá.
Kordial é DJ, organizador da batalha de rap do Paranoá e se considera um poeta ;meio encalhado;. Apesar disso, ele é um dos idealizadores e organizadores do coletivo de poetas Poesinoá, que organiza o evento de mesmo nome.
Crescimento
O coletivo começou a se reunir há uns oito meses, mas o primeiro evento foi em março deste ano, na praça da 21. Era apenas um encontro de poetas e compositores da cidade, com uma caixinha de som, vozes e violões. Foi aí que o coletivo se consolidou, com poetas, designers, produtores, cada um na sua função, mas todos artistas e preocupados com a qualidade de vida na região.
Em abril, vendo que a chuva ia inviabilizar o rolê a céu aberto, decidiram fazer o evento em uma área coberta. Foi quando um dos integrantes lembrou que seu antigo professor de sociologia Gilberto Barral tinha aberto um bar bem ali na frente da praça, e que eles vinham trocando ideia sobre fazer alguma coisa ali. Assim se firmou a parceria. Na segunda edição, os organizadores quase não deram conta da quantidade de músicos que queriam tocar. A quantidade de poetas também foi grande, mas tudo sob controle.
O sarau funciona assim: os poetas se inscrevem, cada um com um poema, para participar de duas rodadas chamadas de ;baterias;. A cada rodada, os jurados, poetas convidados e outros escolhidos na hora dão notas de um a 10. O participante com a maior pontuação ganha um livro e um troféu, feito de madeira, no formato do logotipo do evento.
*Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira