O candidato do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que pagou R$ 5 mil para outra pessoa fazer a prova por ele neste fim de semana tem histórico de condenações criminais. Marlon Barbosa da Silva recebeu pena de sete anos de prisão por roubo, em 2007. Em 2014, a 3; Vara de Entorpecentes do DF o condenou a 4 anos de detenção por manter, em casa, três armas de fogo, duas delas com numeração raspada. O processo foi transitado em julgado em julho de 2016.
Marlon é suspeito de ter contratado o advogado Thales Meirelles Bastos Teles para responder o exame da OAB por ele. O certame ocorreu no domingo. Durante a realização da prova, em uma faculdade particular da L4 Sul, organizadores da avaliação suspeitaram do documento apresentado por Thales e acionaram a Polícia Federal. O advogado usava uma identificação com a foto dele, mas todos os dados eram de Marlon.
Agentes da Polícia Federal estiveram na instituição de ensino e levaram Thales para uma sala. Inicialmente, o suspeito confessou que tinha sido contratado para fazer a prova pelo candidato e solicitou a presença de um advogado. Ele ficou detido na Superintendência Regional da PF. Durante a madrugada, pagou fiança e foi liberado.
O processo tramita na 10; Vara Federal Criminal. A OAB respondeu que será aberto, em âmbito da seccional do Distrito Federal, um processo disciplinar contra os envolvidos. Thales é advogado há cinco anos e tem referências no Gama, cidade onde atua. Agora, responderá por uso de documento falso e fraude em certame de interesse público. A pena pelos dois crimes pode chegar a 12 anos de prisão.
Em nota, a OAB informou que ;o suspeito foi preso pela Polícia Federal, o que demonstra a eficiência do sistema de segurança do exame;. O certame ocorreu três vezes ao ano e é organizado pelo Conselho Federal da OAB e pela Fundação Getulio Vargas. A aprovação é requisito para exercer a função de advogado.
O Correio entrou em contato com um advogado que fez a defesa de Marlon no processo de 2014, mas ele disse não ter sido contratado para atuar nessa denúncia. A reportagem tentou localizar dois defensores de Thales, apontados por ele no processo, mas nenhum dos números estava ativo, incluindo o celular do suspeito.