Incredulidade. Esse é o sentimento comum entre familiares, amigos e colegas de trabalho do professor Júlio César Barroso de Sousa, 41 anos, assassinado dentro do Colégio Estadual Céu Azul, em Valparaíso (GO). O velório começou às 7h desta quinta-feira (2/5), na Capela Divino Espírito Santo, em Santa Maria. Depois, o corpo será levado para o Cemitério de Brazlândia, onde será seputado.
A esposa de Júlio César, Daiani Alves, 31, é confortada por abraços e palavras de força. "É difícil perdoar quem fez isso, mas é o que a palavra de Deus pede", comentou uma amiga. Cerca de 200 pessoas participaram do rito religioso, que começou com cânticos. "Estar Contigo é, certamente, o melhor," dizia a letra de uma música que fazia referência à vida com Deus após a morte.
Pelo menos seis coroas de flores em homenagearam Júlio César estão espalhadas pela capela. Foram enviadas por representantes de escolas onde ele já lecionou. Muitos educadores estiveram presentes. "Apagar o professor é apagar o futuro," dizia a frase na camisa de um deles. Mais tarde, às 11h, os amigos e familiares do educador vão até o cemitério de Brazlândia para o enterro.
Base da família
Júlio César ficou órfão de pai aos quatro anos e passou a ser o ponto de força da família desde cedo. Segundo mais velho de cinco irmãos, ele foi descrito por familiares como a pessoa que era a base de casa. "Nós perdemos nossa estrutura, porque ele sempre assumiu a frente das responsabilidades, cuidou de todo mundo", disse a prima, Larissa Lima, 35.
A irmã também ressalta esse comportamento protetor, lembrando que é assim que ele será lembrado. "O Júlio deixou um legado de bondade. Ele era uma pessoa maravilhosa. Trabalhava em Goiás e no DF como professor para dar boas condições de vida à família. E, como perdeu o pai cedo, sempre foi paizão com todos", desabafou Juliana Maria Lima, 35.
Aulas suspensas
A Secretaria de Educação suspendeu as aulas do Colégio Estadual Céu Azul até o dia 13 de maio. "Estamos de luto, sem clima nenhum para atividades. Quando voltarmos, precisamos repensar aquele espaço, principalmente na sala dos professores, onde aconteceu o crime", disse Mateus Alves, 45, que dá aulas de filosofia na escola. Para ele, aquela sala poderia se transformar em um ambiente em memória de Júlio.
Muitos alunos da instituição participaram do velório e se organizam para mais homenagens. O colégio planeja ações no pátio para a próxima semana, mas ainda pensa a melhor forma de lembrar do educador e está definindo o que será feito.
Os alunos lembram da imagem de Júlio César como uma pessoa tranquila, que dificilmente se estressava. "Ele era de boa, respeitava a gente e se preocupava muito. Direto ele chegava em mim e dava conselhos sobre a escola", relatou um estudante de 17 anos que não quis se identificar. O garoto lembra ainda da face diferente do adolescente preso pelo crime. "O menino que atirou nele ficava isolado, não falava muito, só aparecia para fazer bagunça na sala".