;Eu sei o que eu fiz. Foi um momento de loucura. Se eu tivesse parado para pensar, jamais tinha feito;, disse o réu Ronan Menezes Rego, 28 anos, assassino confesso de Jéssyka Laynara. Ele também confirma ter atirado três vezes contra o professor de academia Pedro Henrique. Ambos os crimes aconteceram no Setor O, no dia 4 de maio do ano passado.
O ex-policial militar alega, em depoimento, que chegou na casa de Jéssyka pelo horário do almoço, quando discutiram por causa do celular da vítima. ;Tudo aconteceu no quarto. Eu consegui pegar o celular dela, pulei a janela do quarto dela que dá para os fundos (onde mora o primo Luís e o irmão Marcus). Pedi para o primo dela me devolver a arma para eu ir embora;, disse.
Em seguida, Ronan saiu dirigindo, enquanto chegavam mensagens no celular de Jéssyka. ;Duas ruas à frente, eu parei o veículo para olhar o que era no WhatsApp dela. Foi quando vi as mensagens dela com o Pedro. Eles se chamavam de amor;, acrescentou.
A acusação questionou o fato do ex-PM afirmar a chegada contínua das mensagens. ;As provas indicam que Pedro e Jéssyka tiveram uma conversa, não que o professor mandou uma série de mensagens;, destaca o promotor Tiago Fonsêca Moniz.
O réu alegou que Pedro teria apagado as mensagens enviadas quando ele estava com o celular de Jéssyka. Questionado pela promotoria do MP sobre como isso foi possível sem que, na perícia do aparelho da vítima, aparecesse qualquer coisa que indicasse ;mensagem apagada; (recurso ativo no WhatsApp desde à época do crime). Ele não conseguiu dar uma resposta.
Na academia
Ronan narrou pela primeira vez a sequência dos crimes. Ele afirmou que foi até a academia onde Pedro trabalhava. O ex-PM adentrou o estabelecimento passando por baixo da catraca e, diferente do que foi narrado por testemunhas, não chegou apontando a arma para o professor de educação física.
;Eu fui para tirar satisfação com ele, pois achei que ele era meu amigo. Só que ele me provocou e veio pra cima de mim. Aí eu tive que pegar a minha arma. Como ele é maior do que eu, ele tomaria o artefato. Ou eu morria, ou ele;, afirmou em depoimento.
A tese também foi rebatida pela acusação, que destacou o fato de nenhuma testemunha que estava presente na academia ter contado a suposta discussão. Ronan destacou, durante todo momento, que inventaram ;mentiras sobre mim. Tentam me pintar um monstro, mas eu não sou.;
;Quando eu terminei de atirar, eu saí e fui até a casa da Jéssyka. Depois de tudo aquilo, era como se a minha vida tivesse acabado;, salientou. O ex-PM afirma que uma intercambista que estava na casa da jovem foi a responsável por deixá-lo entrar na residência ; todas as testemunhas presentes (avó, irmão e primo) frisaram que Ronan chegou empunhando a arma com a mão direita e, na esquerda, segurava o cadeado com a corrente.
Já no interior da casa, próximo ao quarto de Jessyka, o réu disse não lembrar direito o que aconteceu. ;Eu sei que dei a mão na arma dela e disse: ;é isso o que você queria? Queria me matar? Eu atirei no Pedro, termina logo com isso;. Só que, aí, ela ficou de escárnio da minha cara, dizendo que só estava comigo até ser chamada para os bombeiros (ela tinha passado no concurso). Só sei que peguei a arma de volta. Não sei mesmo dizer como comecei a dar os disparos;, afirmou.
Apenas quando falou sobre os fatos Ronan se mostrou emocionado ; ele não chorou durante nenhum depoimento da família da vítima. Ele chorou ao dizer: ;Pode parecer doença, mas eu a amo até hoje. Se eu pudesse voltar, daria a minha vida pela da Jessyka. Também sofri muito durante todo esse momento e, sem desmerecer, mas o que pesa sob os meus ombros é mais pesado do que a morte.;