O crime, investigado pela 35; Delegacia de Polícia (Sobradinho 2), ocorreu na Quadra AR 5, em Sobradinho 2. Conforme informações preliminares coletadas pela Polícia Civil, Luana e Luiz, que se relacionavam havia cerca de três anos, brigaram na noite de sábado. Entre 22h30 e 23h, o jovem estava na esquina de casa, em uma bicicleta, quando gritou com a vítima: ;O que é que você quer, me perturbando de novo?;. Em resposta, a mulher, que estava com a filha do casal, Maria Luiza, de 1 ano e 3 meses, disse que ;só queria entrar em casa com a minha menina;. Àquela noite, Luiz a ameaçou: ;Você vai ver. Ainda me paga!”, esbravejou, segundo relatos de vizinhos.
Devido à desavença, Luana pediu ao único irmão, Daniel Bezerra da Silva, 31, por mensagem de WhatsApp, R$ 30 emprestados para ir embora da casa onde vivia com Luiz. O rapaz, entretanto, não conseguiu ajudá-la a tempo. ;Eles tinham um relacionamento conturbado, com brigas frequentes. O Filipe também era um homem ciumento, mas nunca pude imaginar algo assim. Sinceramente, não tenho o que dizer, estou sem chão, sem nada. Perdi a única pessoa que estava comigo aqui em Brasília. Se eu tivesse dado o dinheiro, nada disso teria acontecido;, lamentou o irmão, que veio com Luana do município baiano de Bom Jesus da Lapa.
A mulher foi atacada pelo marido por trás, quando terminava de servir almoço para as duas crianças. A filha dela, Letícia, de 9 anos, e a do casal, Maria Luiza, presenciaram a atrocidade. A mais velha chegou a correr à rua para pedir ajuda, enquanto gritava que Luiz havia matado a mãe dela. Um vizinho foi o primeiro a prestar socorro. Por mais de 20 minutos, Thales Ícaro Oliveira, 35, usou os conhecimentos de brigadista para tentar estancar o sangue das perfurações. ;Ela só gemia de dor e tentava respirar. A única coisa que conseguiu falar ao irmão foi que estava com a sensação de que iria morrer;, contou.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a jovem teve uma parada cardiorrespiratória ainda durante o atendimento dos militares. O quadro foi revertido pelos socorristas, que a levaram para o Hospital Regional de Sobradinho, onde deu entrada inconsciente. Luana morreu minutos depois. A mulher de 28 anos ainda era mãe de outros dois pequenos: Ryana, de 8 anos, que mora com a avó na Vila Buritis, em Planaltina; e Ryan, de 7 anos, que reside na Bahia.
"Eles tinham um relacionamento conturbado, com brigas frequentes"
Irmão de Luana Bezerra da Silva, vítima de feminicídio
Situação triste
O casal morava em um lote com duas casas ; ficavam na residência dos fundos e a família do suspeito, na da frente. Vizinhos relataram ao Correio que as brigas do casal eram frequentes. Ontem, ouviram a gritaria, mas, acostumados com as desavenças, tentaram ajudar apenas quando a filha da moça pediu socorro. Os parentes de Luiz também não esperavam pelo crime bárbaro.
;É uma situação triste para todos nós, tanto para a Luana, quanto para nós, que somos familiares do Luiz. A mãe dele está completamente desnorteada com tudo o que aconteceu. A culpa não é dela, pois tentou criá-lo do melhor modo, mas os filhos seguem os próprios passos. Dói a todos nós, porque são duas famílias destruídas;, desabafou uma parente do suspeito, que não quis ser identificada.
A Secretaria de Segurança Pública informou o registro, no primeiro trimestre do ano, de sete ocorrências de feminicídio no DF. No mesmo período de 2018, foram oito. A pasta destacou que, no consolidado do último ano, ocorreram 26 crimes de feminicídio.