Os preços dos ovos de Páscoa tradicionais nas prateleiras podem desanimar. Mais ainda se estiverem expostos em uma loja de chocolate importado ou que leva o rótulo de gourmet. Para economizar e personalizar o presente, muitos brasilienses optam pelas delícias caseiras. Nessa onda, pequenos empreendedores passaram a fornecer itens de todos os tipos, como infantis ou apenas lembrancinhas do feriado, como potinhos de brigadeiro. Ao menos 200 empreendedores da cidade devem investir na produção artesanal, segundo o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF).
Há um ano, Camila Arantes Medrado, 24 anos, moradora de Samambaia, concluiu a formação em pedagogia, mas nunca conseguiu emprego na área. Ela dava aulas de informática para crianças, até perder o emprego no mesmo período em que concluiu o ensino superior. A jovem encontrou na venda dos ovos de Páscoa uma renda. ;Tive essa ideia no ano passado, quando vi que muita gente estava fazendo o mesmo. Como sempre gostei de fazer doces, comecei a produção, mas não esperava que fosse ter tantas encomendas;, conta.
Em 2018, Camila recebeu mais de 200 pedidos e se dividiu com a família e o namorado para dar conta da demanda. Este ano, com mais tempo livre, ela decidiu se dedicar mais à produção artesanal. ;Eu não tinha dinheiro para comprar o material, mas uma amiga decidiu me ajudar. Firmamos uma parceria: ela deu o capital e eu, a mão de obra. Até agora, vendemos mais de 20;, comenta.
Camila faz a divulgação das vendas nas redes sociais. ;Faço uns textos que os meus amigos sempre dizem serem engraçados. Assim, consegui montar a minha clientela. Também passei a fazer entregas e cobro uma taxa por isso;, conta. Além disso, a jovem deixa a critério do cliente o recheio dos doces. ;Ele escolhe como vai querer e eu vou montando. Geralmente, só produzo por encomenda, mas, este ano, vou deixar alguns prontos, porque muitos devem procurar de última hora;, pondera.
Crescimento
Moradora de Taguatinga, Shirley Silva, 44, trabalha com a confecção de ovos caseiros desde a infância. ;Sempre gostei de fazê-los por conta própria. A minha mãe era costureira, não tinha nada a ver com isso, mas eu sempre adorei os doces;, lembra. O negócio cresceu e se tornou o mais lucrativo para Shirley. ;Sou confeiteira e faço doces para casamentos. Geralmente, consigo de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês, a depender da demanda. Porém, na Páscoa do ano passado, por exemplo, consegui lucrar R$ 5,8 mil;, lembra.
Shirley pretende aumentar o faturamento neste ano. Como Camila, a divulgação dela é feita por meio das redes sociais. Para diversificar os produtos e clientes, a mulher passou a vender apenas as cascas dos ovos, para que outros pequenos produtores os recheiem e comecem um mercado. ;Na verdade, eu queria que a Páscoa fosse o ano inteiro, é o meu Natal!”, ressalta.
A expectativa positiva dos produtores caseiros este ano também é justificada em pesquisas realizadas no comércio local. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) estima que as vendas na Páscoa devam crescer 11,47% em comparação a igual período do ano passado. Segundo a entidade, em 2018, o crescimento nas vendas foi de 9,39%.
Para o presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, o crescimento é baseado em uma melhora do cenário econômico. De acordo com ele, os produtores devem diversificar mais este ano. ;Há uma maior diversificação de produtos e a preocupação em oferecer opções que caibam no bolso de quem não tem dinheiro sobrando para comprar itens caros;, explica Maia.
A pesquisa também mostra que 43,2% dos brasilienses devem ir às compras. Cerca de 95% garantiram que devem comprar chocolates e trufas para comemorar a Páscoa. A preferência de compras será o supermercado. O valor médio dos presentes é de R$ 160,34, mas a expectativa dos lojistas é de que os consumidores desembolsem, em média, R$ 182,49.
Venda de 1,6 milhão de ovos
Brasília deve consumir 1,6 milhão de ovos de Páscoa este ano, 100 mil a mais do que em 2018. É como se metade dos moradores do Distrito Federal comprasse um desse item criado em função do feriado cristão. Percentualmente, as vendas devem crescer 6,6% em relação ao ano passado.
A celebração cristã ; que, neste ano, cai em 21 de abril ; costuma ser um momento de expectativa para o varejo. Elas apostam no crescimento das vendas devido à queda dos juros e da inflação, que aumentaram o poder de compra dos consumidores, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF).
Os preços dos ovos de chocolate devem variar entre R$ 8 e R$ 750, sendo que 95% das compras serão feitas com cartão de crédito, ainda de acordo com o Sindivarejista-DF. A notícia ruim é que a previsão de contratações temporárias no comércio será menor. Enquanto em 2018, 800 pessoas conseguiram serviço graças à Páscoa, neste ano, a estimativa é de que o número não passe de 600. Caso seja confirmada, a queda será de 25%.