Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, que investiga o caso, a suspeita tentava adquirir mais benefícios com a tragédia de Brumadinho. "Ela chegou a declarar que o filho teria tido uma lesão grave no ombro tentando fugir da lama. A Vale já havia liberado o recurso financeiro para a cirurgia, porém, a prendemos antes", conta a delegada responsável pelo caso, Ana Paula Gontijo. A suspeita foi presa em flagrante, no momento em que entregava a documentação falsa para requerer mais dinheiro devido à tragédia.
Para garantir o recebimento das indenizações, ela agiu rápido. De acordo com a delegada de Minas, Ana Paula Gontijo, em fevereiro, Ana Maria chegou a Belo Horizonte para orquestrar o plano. ;Logo que chegou a Minas, ela procurou a Vale e informou que havia perdido a casa engolida pela lama, na região do Parque da Cachoeira. A partir dai, a suspeita começou a buscar os falsos documentos para adquirir os benefícios;, contou a delegada.
Nesse período, a estelionatária morou em um hotel na capital mineira. Logo que identificou os moradores da região, ela ofereceu possíveis benefícios com a farsa. ;Um casal de moradores assinou uma declaração em que atestava que ela era proprietária de uma fazenda na região. A suspeita também chegou a assinar um documento falando que o homem era empregado dela e, que devido ao desastre, tanto ela quanto o empregado da propriedade estavam sem recursos;, explicou a delegada.
Com a declaração, a suspeita conseguiu R$ 15 mil por ter perdido os supostos animais da fazenda como vaca, bois, cachorro e uma granja de galinhas. Além dessa quantia, Ana Maria se beneficiou com R$ 50 mil de indenização pela perda da suposta casa, que teria sido engolida pela lama.
Agora, a polícia também procura pelo filho da suspeita. Segundo a delegada, o rapaz declarou ter uma lesão no ombro por causa da tragédia. ;Ele chegou a dizer que machucou no tentando fugir da lama, mas quando ficou sabendo da prisão da mãe, ele desapareceu de Minas;, esclareceu.
Ainda de acordo com a polícia mineira, o suspeito cumpre prisão domiciliar em Brasília por roubo e não poderia sair do Distrito Federal. ;Ainda estamos investigando a participação dele na farsa;, completou a delegada.
A polícia disse ainda que os moradores que ajudaram na farsa foram indiciados e respondem por falsidade ideológica. ;Eles já haviam ganhado indenizações e queriam receber mais R$ 15 mil com a declaração de que o homem era empregado da fazenda;, reforçou a delegada.
O Correio tenta contato com a defesa da acusada.
Escola do crime
Natural de Anápolis (GO), Ana Maria Vieira Santiago foi candidata a deputada distrital em 2014 pelo MDB, mas não conseguiu votos suficientes para se eleger. O presidente do partido no Distrito Federal, Tadeu Fillippelli confirmou que a suspeita ;não tem nenhuma ligação com o MDB". "Não é filiada desde 2014;, esclareceu.
Ainda de acordo com os registro do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), Ana Maria não concorreu a nenhuma eleição e nem está registrada em nenhum partido político. A Polícia Civil de Minas informou ainda que ela é investigada pela prática de crime de estelionato em Brasília e que os inquéritos ainda estão em apuração pela polícia brasiliense.
Investigação
Desde a tragédia em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, a Polícia Civil de Minas já requisitou a retirada de 17 pessoas na lista de vítimas do desastre. A corporação ainda investiga outras 10 pessoas pelo crime de estelionato.
Até o momento, o desastre com a barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão tem 224 mortos identificados e 69 pessoas desaparecidas, conforme último balanço divulgado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.