Cidades

Laudo descarta traumatismo em corpo de universitária morta no Lago Paranoá

Peritos concluem que estudante morreu asfixiada por afogamento. As lesões no corpo da jovem ocorreram após a morte dela, enquanto o corpo estava submerso no lago

Walder Galvão, Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 10/04/2019 19:03

Natália Ribeiros dos Santos Costa foi encontrada morta no dia 1º de abril, no Lago Paranoá

Peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) do DF atestam que Natália Ribeiros dos Santos Costa, 19 anos, encontrada morta em 1; de abril, no Lago Paranoá, morreu vítima de asfixia por afogamento. O relatório dos legistas ainda explica que as escoriações encontradas no corpo da jovem ocorreram após a morte dela, o que contesta a versão da família, que acredita que ela foi agredida. A jovem foi vista com vida pela última vez em um churrasco no Clube Almirante Alexandrino (Caalex), na tarde de 31 de março.

Conforme o laudo cadavérico, a moradora do Paranoá não sofreu traumatismos. O exame foi feito com a ajuda de tomografias. Ainda, o nariz de Natália não estava quebrado, como foi informado pela família da vítima. A universitária também não foi vítima de violência sexual.

Agora, os agentes da 5; Delegacia de Polícia (Área Central) aguardam a finalização da autópsia (exame toxicológico), os relatórios do laudo do local da morte e a liberação do vídeo das câmersa de segurança do Grupamento de Fuzileiros Navais, vizinho ao Caalex. O laudo da mordida no braço do jovem de 19 anos, indicado como suspeito de um possível crime, também deve ser liberado junto. Os materiais serão anexados ao inquérito sobre o caso.

O delegado Alexandre Godinho informou ao Correio que não prestaria mais informações sobre o caso. De acordo com ele, a ocorrência é ;delicada; e resultou em pré-julgamentos em relação ao jovem visto com Nathália no lago, indicado como suspeito de um possível assassinato.

Suposto homicídio

Inicialmente, o morador da Asa Norte de 19 anos foi detido como suspeito do crime. Ele havia comparecido espontaneamente na 6;DP (Paranoá), que registrou o boletim de desaparecimento de Nathália. No entanto, durante a ocorrência, o corpo da estudante foi encontrado no espelho d;água pelos bombeiros, às 14h33 de 1; de abril.

Registrou-se o caso como afogamento e o estudante de curso técnico foi encaminhado ao IML. Na área especializada, ele passou por exame de corpo de delito, em decorrência da mordida no braço dele ; a qual ele indicou que foi realizada por Natália, mas visando causar "ciúmes" à namorada dele. Em seguida, o jovem prestou um segundo depoimento, desta vez, na 5;DP, responsável pela investigação.

A primeira versão dele à polícia foi colocada em xeque, pois, a princípio, alegou que não conhecia a vítima. Porém, as afirmações foram contraditórias às imagens do circuito de segurança do Grupamento. Elas mostram o casal correndo para o Lago Paranoá.

Segundo o defensor público Carlos André Praxedes, responsável por se pronunciar pelo investigado, os dois jovens se afogaram no espelho d;água do Lago Paranoá. "Ele estava muito bêbado, como disse em depoimento à polícia e que foi confirmado por testemunhas, que incluem as meninas que estavam com Natália no churrasco", ressalta.

Praxedes também nega que o cliente dele e a universitária se conheciam antes do churrasco, como foi destacado pela família de Natália. "Trata-se de uma narrativa exagerada, usada para justificar uma acusação de feminicídio. Pois, diante da lei, considera-se um assassinato em razão do gênero feminino quando o crime é praticado no ambiente de violência doméstica e familiar. E ex-companheiros entram nesta análise", alega o defensor.

Para o defensor, o fato de o jovem não ter ajudado Natália enquanto ela se afogava não pode ser considerado omissão de socorro ; é considerado crime quando se deixa de socorrer alguém que precise de ajuda ou de informar as autoridades para que possam fazê-lo.

"Ele entrou no lago embriagado, com a Natália. Ali, ambos se depararam com um declive e o meu cliente conseguiu nadar e voltar a parte rasa. Ele saiu e olhou, tentando entender o que aconteceu, pois estava em um estado de confusão mental. Acho fundamental frisar o estado de alcoolismo que ele se encontrava", afirmou o defensor.

Questionado sobre o jovem ter saído do Distrito Federal, o defensor público alegou não ter qualquer conhecimento "quanto onde ele e a família estão. Acredito que se trata de uma posição pessoal dessas pessoas, que também foram afetadas por tudo isso. Não deixo de lamentar a dor da mãe de Natália, mas há quem foi exposto precipitadamente."


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