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'Não desejo mal a ninguém, apenas justiça', diz mãe de jovem morta no lago

Familiares de Natália Ribeiro dos Santos Costa acreditam que a jovem foi assassinada, já que ela sabia nadar. Imagens contestam versão do suspeito do crime

Enquanto a 5; Delegacia de Polícia (Área Central) trabalha para desvendar a história por trás do afogamento que matou Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, a família da vítima pede apenas por um desfecho: "que seja feita a justiça". O apelo maior vem da mãe, Edivânia Ribeiro dos Santos, 47, que não encontra outro motivo para a morte da filha se não um crime. "É difícil cogitar que isso foi um acidente. Minha filha some e ninguém pede socorro e vão todos embora, uma marca de mordida no braço do suspeito, depoimentos sem sentido. Sozinha não se afogaria, porque ela sabia, sim, nadar", justifica a mãe.

Ao contrário do que foi dito por testemunhas aos investigadores, Edivânia conta que a filha tinha experiência em nado. Gostava de praias e sempre entrava no mar, além de ir a clubes e piscinas com frequência. "Minha menina era cheia de vida, sonhos e gostava de ter a independência dela, mas sempre muito próxima da família", lembra a mãe.

Natália morava sozinha em uma quitenete há aproximadamente um ano, próximo à casa em que antes vivia com a mãe e dois irmãos mais novos, filhos do segundo casamento de Edivânia. De acordo com familiares, a jovem fazia ;bicos; e trabalhava como modelo. Nas redes sociais, é seguida por mais de 45 mil pessoas.
Com o dinheiro e a ajuda da família, pagava o aluguel e se sustentava, chegando a pagar pela faculdade de jornalismo, na Universidade Paulista (Unip). No segundo semestre de 2018, passou para letras, na Universidade de Brasília (UnB). "Ela estava escrevendo um livro e também tinha os planos de abrir uma loja. Interromperam tudo com a maior crueldade. Só quero que paguem, porque o meu sofrimento é para sempre", afirma a mãe, emocionada.

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Imagens contribuem para investigação

O suspeito de ter cometido o crime, um jovem de 19 anos, que tem ensino médio completo e mora na Asa Norte, prestou depoimento à polícia durante a tarde e início da noite de segunda-feira (1;/4). Ele se apresentou na 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) em companhia do pai, onde uma amiga de Natália realizava um boletim de ocorrência por desaparecimento. No entanto, o corpo da vítima foi localizado pelo Corpo de Bombeiros às 14h33. O desfecho mudou o registro da ocorrência, que acabou sendo tratada como afogamento.

Em conversa com os agentes da 6; DP, o jovem confirmou que a conheceu no churrasco do Clube Almirante Alexandrino (Caalex), que reuniu pelo menos 10 pessoas ; este foi último lugar onde a universitária foi vista com vida. Contudo, ele negou ter entrado no lago com Natália.

O homem disse que a universitária se aproximou quando ele tomava ducha. Em seguida, eles teriam ;brincado de lutinha; e a mulher deu uma mordida no braço dele. Questionado sobre o porquê, o jovem disse que Natália queria causar "ciúmes" na namorada dele, que supostamente o acompanhava neste evento.
A versão trouxe dúvida aos policiais da unidade, que o encaminharam para exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML), antes de deixá-lo sob custódia da 5; Delegacia de Polícia (Área Central). A unidade é a responsável pela investigação do caso. O Correio esteve presente no instante em que o homem chegou na delegacia, algemado e descalço. O pai dele já estava no local aguardando. Nenhum deles quis se pronunciar sobre o caso para a imprensa.

Na 5; DP, uma fonte informou à reportagem que a versão do jovem era de que ele havia ingerido bebida alcoólica em excesso e não se lembrava de muitas partes da noite de domingo (31/4). Inclusive, o suspeito disse não ter entrado no Lago Paranoá com Natália, pois ficou deitado na grama do Caalex ;olhando para cima;.

Entretanto, imagens das câmeras de segurança do Grupamento de Fuzileiros Navais, vizinho ao clube, indicam uma situação bem diferente da apresentada pelo homem. Apesar da distância, o vídeo mostra o suspeito e Natália entrando no lago juntos. Após alguns minutos, só o jovem sai. Ele se senta, continua a olhar para o espelho d;água e, depois, vai embora. Em nenhum momento das filmagens Natália é vista saindo do Lago Paranoá. O material é analisado pela perícia da Polícia Civil.

Apesar das evidências, agentes da 5; DP não querem se precipitar. O suspeito foi liberado da unidade às 19h35 de segunda-feira (1;/4), após prestar depoimento por cerca de duas horas e meia. Policiais aguardam o laudo cadavérico do IML, que indicará a causa da morte. Com a autópsia, será indicado se Natália se afogou sozinha ou foi assassinada. O prazo para a sair o resultado do exame é de até 30 dias.