Um enfermeiro do HRC administrou o remédio na veia. Cerca de uma hora depois, a adolescente sofreu uma reação, segundo consta no Boletim de Ocorrência registrado junto à Polícia Civil. Apesar dos esforços médicos de reanimação da vítima, ela morreu às 21h35. A 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro) investiga o caso. Por meio de nota, a Secretaria de Saúde esclareceu que a jovem relatou estar com as dores e vômito há três dias. Ela passou por um exame de raio-x da área, que não indicou qualquer alteração. Em conversa com o médico, a adolescente teria dito que ;não tinha alergia a medicamentos;.
Após a administração de Buscopan, a vítima sofreu uma parada cardiorrespiratória. O texto destaca que, ;no prontuário, consta ainda que a família alega desconhecer qualquer alergia da paciente ao medicamento;. "A direção se solidariza com a família e lamenta o falecimento da jovem e também se coloca à disposição para qualquer dúvida que a família tenha;, finaliza o texto.
Família recorrerá à Justiça
A família da vítima aguarda a liberação do laudo do IML para recorrer à Justiça contra o Estado e o médico responsável por receitar o medicamento. Irmão de Alice, Alisson Mourão, 23 anos, negou as informações passadas pela Secretaria de Saúde e afirmou que o pai da adolescente informou à equipe do hospital que ela passou por uma cirurgia cardíaca aos 7 meses. ;Meu pai disse que ela não tinha alergia a dipirona. A administração do hospital disse que fizeram exame de raios-x nela, mas não fizeram. Meu pai ficou ao lado dela o tempo todo;, contou o técnico em suporte presencial.
Alisson relatou que, ontem, depois de ser medicada, Alice desmaiou e foi encaminhada à ala vermelha do pronto-socorro. Depois disso, nenhum familiar teve contato com ela novamente. ;Pedi a um servidor para ver como ela estava e ele se negou. Diante disso, comecei a filmar e, quando ele viu, disse que não ia mesmo. Ele chamou um PM e os dois me coagiram a apagar os vídeos. Era isso ou eu ia para a delegacia;, alegou o irmão.
Na certidão de óbito de Alice, consta que a causa da morte ainda está sob investigação. O irmão dela afirmou que a família chegou a visitar outros dois hospitais e uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) antes de chegar ao HRC. Além das dores no estômago, a adolescente apresentava dificuldade para respirar.
Alisson disse que, enquanto a levava para uma unidade de saúde, a família ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e uma das atendentes teria alegado que a paciente precisava se hidratar e que estava com fome. ;Chegamos ao Hospital de Ceilândia por volta das 12h, mas ela só foi atendida às 20h30;, contou Alisson.
Apuração
Delegado à frente do caso, Antônio Dimitrov, disse não ser possível fazer suposições a respeito do que aconteceu. O laudo com a causa da morte sairá em 30 dias. Com base nele, será possível definir uma linha de investigação. ;Não podemos nos precipitar em relação a isso. A polícia ainda está apurando. Com a causa da morte, adotaremos o que a lei prevê. Vamos esperar a conclusão dos peritos médicos. Ela será importante para aferirmos a causa da morte, que não sabemos por enquanto;, declarou.
Alice cursava o 2; ano do ensino médio à noite, em uma escola pública de Águas Lindas de Goiás. Ela morava com os pais, os dois irmãos e um sobrinho de 2 anos, filho da irmã mais velha. A adolescente se dividia entre a escola e a família. No Facebook da adolescente, moradora de Águas Lindas (GO), amigos lamentaram a perda.
;Vou sentir muito a sua falta;, publicou uma colega. ;Que Deus, em sua infinita misericórdia, faça-nos suportar e aceitar que ela voltou para o Pai;, comentou outra. O corpo de Alice será velado nesta sexta-feira (29/3), a partir das 13h, no Cemitério Parque Municipal de Águas Lindas. O sepultamento está marcado para as 16h.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que não registrou atendimentos de PMs nesse fato e que situações desse devem ser encaminhadas para a corregedoria da corporação para "apuração dos fatos e tomada das providências cabíveis". Caso seja registrado na delegacia, a Polícia Civil enviará as informações à PMDF para abertura de processo apuratório.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que não registrou atendimentos de PMs nesse fato e que situações desse devem ser encaminhadas para a corregedoria da corporação para "apuração dos fatos e tomada das providências cabíveis". Caso seja registrado na delegacia, a Polícia Civil enviará as informações à PMDF para abertura de processo apuratório.