Fernando Jordão
postado em 27/03/2019 20:47
Iniciadas na segunda-feira da semana passada (18/3), as mudanças na Estrada Parque Taguatinga têm dividido opiniões entre os usuários da via. Dez dias após o início da inversão na faixa exclusiva, o Correio foi ao local e constatou que, de modo geral, as alterações acabaram aprovadas por passageiros de ônibus, mas reprovadas por quem anda de carro.
Agora, nos horários de pico (de segunda a sexta-feira, das 6h às 9h, no sentido Plano Piloto, e das 17h às 20h, no sentido Taguatinga), os ônibus trafegam pela faixa exclusiva do lado oposto. A faixa exclusiva do sentido da via, por sua vez, fica liberada para carros de passeio. Há dois pontos de cruzamento para que os coletivos possam acessar o sentido reverso: um no início do SIA e outro na chegada a Taguatinga Centro.
Motoristas reclamam que esses cruzamentos se transformaram em gargalos, onde formam-se longos congestionamentos. "Ficou péssimo, não ajudou em nada. Antes eu fazia (do Plano a Taguatinga) em meia hora, agora levo uma hora", contou Shiufarney Azevedo, que trabalha como motorista de transporte por aplicativo. "No começo é difícil, o pessoal ainda não se acostumou, mas vai acostumar", ponderou Flávio Almeida, que mora em Vicente Pires e trabalha em Samambaia.
A reportagem levou 54 minutos para percorrer o trajeto de 17,5 Km entre a redação do Correio, no Setor de Indústrias Gráficas, e um posto de combustível na entrada de Taguatinga Centro, no horário de rush, depois das 18h desta quarta-feira (27/3). De fato, a maior parte do tempo foi gasta no segundo entroncamento, nas proximidades de Taguatinga. Também houve uma leve retenção no cruzamento do SIA, mas bem inferior à outra.
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Apesar dos gargalos, tem motorista que elogiou as mudanças, por conta da liberação da faixa exclusiva para veículos de passeio. Morador de Ceilândia, Lenir Barbosa foi um deles: "Deveria ter acontecido há muito tempo [a liberação]. Já que Brasília não tem ônibus, tem que liberar para os carros".
Para quem utiliza o transporte coletivo, a sensação é de melhora. "Fez uma diferença muito grande. Agora, faço em 40 minutos o que antes levava uma hora, uma hora e 20", disse a moradora de Taguatinga Gláucia Silva. Sandra Martins, por sua vez, calcula uma economia de 10 minutos em seu trajeto do Octogonal para o centro de Taguatinga. Ela destaca, porém, que os veículos ficaram mais vazios. "Para carro, realmente ficou mais engarrafado, mas para ônibus melhorou muito", arrematou Ísis Diniz.
Governo
Os órgãos do governo envolvidos na operação fazem uma avaliação positiva das alterações. "Fizemos uma análise na primeira semana de tudo aquilo que queríamos alcançar e os objetivos foram atingidos, principalmente a diminuição do tempo de percurso dos ônibus. Também adicionamos mais uma faixa de tráfego no horário de pico, o que trouxe uma vantagem bem grande a todo pessoal", pontua o superintendente de Trânsito do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), Elcy Ozório.
Segundo ele, o DER fez um teste pegando um ônibus pela EPTG e verificou uma diminuição de 30 minutos no tempo de percurso. Agora, a autarquia tem feito monitoramentos para calcular esse valor com precisão e para descobrir o tempo gasto por carros particulares. Em relação aos gargalos, o superintendente afirma que eles "já eram esperados" e que agora estão sendo feitos estudos para resolver a questão. Questionado sobre quais seriam as intervenções possíveis, Ozório elencou "tempo de sinal" e "atuação em outras vias que interferem na EPTG". "A gente vai trabalhando com vários pontos, porque o trânsito é dinâmico. Quando faz qualquer alteração, ele vai se ajustando."
A Secretaria de Mobilidade (Semob) também disse "avaliar positivamente" as alterações e reforçou a redução de 30 minutos no tempo de viagem dos passageiros de ônibus. "A medida é uma forma também de incentivar os usuários a deixarem os veículos em casa e utilizarem o transporte público", afirma a pasta.
Novos ônibus
Cabe lembrar que um dos motivos para que as alterações fossem feitas é o fato de as paradas de ônibus da EPTG terem sido instaladas do lado esquerdo. Os veículos que circulam pelo DF, porém, não têm portas desse lado. Assim, desde que as faixas exclusivas começaram a funcionar na via ; em janeiro de 2012 ;, os pontos estavam inutilizados. Agora, as empresas de ônibus terão até o início de 2020 para trocar a frota. Em relação a esse prazo, a Semob diz que ele foi estabelecido "por determinação contratual". "Além disso, por se tratar de um veículo com porta dos dois lados, que não é o padrão utilizado hoje, as empresas demandam um tempo para encomendar as novas carrocerias", conclui a pasta.