"Geralmente, ficamos apenas no leito. Até pedimos para ficar mais tempo, porque em UTI não podemos ficar longos período. Em alguns dias, vamos embora preocupados, mas estamos satisfeitos, porque após mais de 90 dias sem ver uma paisagem, ter outra visão é importante", disse Antônio Eloi, 52, que visita o irmão diariamente.
Apesar de não conseguir falar, seu José mostrou a gratidão ao gesto dos profissionais de saúde com vários sorrisos, que contagiaram os médicos e a família. "Quando cheguei, a equipe disse que eu teria fortes emoções. Meu coração disparou", contou a esposa Alacides Sousa, 36, bastante emocionada. O passeio durou certa aproximadamente 40 minutos e foi suficiente para ver plantas, pessoas diferentes e, ainda, o pouso de um helicóptero do Corpo de Bombeiros Militar no Hospital de Base.
Os funcionários consideram José "uma lenda", já que sobreviveu a diversas paradas cardíacas ao longo da internação, que foram revertidas com sucesso pela equipe médica. "Ele é um paciente grave com estabilidade clínica. Sabemos que tanto tempo internado repercute em vários aspectos, inclusive emocionais", disse a fisioterapeuta, Cássia Dalbosco. "Não sabemos o desfecho dos pacientes. Temos que trabalhar com a realidade, então, o máximo que podemos trazer de humanização, fazemos", emendou.
"Apesar de ser um paciente que está internado, sabemos que é uma pessoa que tem vontades, gostos e preferências. E o familiar age como um mediador para conseguirmos nos identificar melhor com o paciente e fazer um trabalho adequado", disse o psicólogo da UTI, Wesley Ponte, ao explicar que essa perspectiva tem sido implementada por todas as equipes como prática de humanização.
O Hospital de Base, gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), conta com 68 leitos de UTI, todos em funcionamento. Na Unidade Coronariana, onde José está internado, são oito vagas.