A mãe, de 37 anos, passou por uma cesariana realizada por uma equipe multidisciplinar de médicos. "A complexidade do caso exigiu uma equipe grande. Diferente das outras cesárias, o cordão umbilical não foi rompido para que o bebê continuasse recebendo o fluxo sanguíneo com oxigênio, até a retirada do balão de borracha da traqueia. Assim, a menina pôde respirar", explica o obstetra especialista em medicina fetal, Matheus Beleza.
O balão de borracha foi colocado na traqueia do bebê, que estava com o diagnóstico de hérnia diafragmática ; uma má formação no músculo do diafragma que divide os conteúdos da barriga dos conteúdos da cavidade torácica. Com a medida, todas as secreções foram se acumulando no pulmão, o que ajudou a expandi-lo para baixo.
Nesta quarta-feira (20/3), com menos de uma semana de vida, a menina passou por uma nova cirurgia, na traqueia, para a correção da má formação. "A cirurgia foi bem-sucedida. O bebê está estável e ainda inspira muitos cuidados, pois é prematuro e passou por uma cirurgia delicada",reforça o especialista.
A menina está internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do Hospital Santa Luzia e ainda não há previsão de alta. "O bebê está respondendo bem ao tratamento. Ela precisa ganhar peso e se tudo continuar correndo bem, estará em casa em breve", complementa Beleza.
Procedimento intrauterino
O médico Matheus Beleza conta que a cirurgia intrauterina não era feita em Brasília até o Hospital Santa Luzia investir no tratamento. "Os diagnósticos eram feitos, mas as mães precisavam ser encaminhadas a outras unidades da federação para a cirurgia", lembra.
Em Brasília, o primeiro procedimento cirúrgico em bebês ainda dentro da barriga de uma mãe foi realizado em 2018, em um feto gêmeo que tinha um problema cardíaco grave, que sobrecarregava o irmão.