Representantes dos PMs e bombeiros reclamam da ausência do governador e da falta de um aceno efetivo do governo. A reclamação dos militares ganha força pela concessão da paridade do salário da Polícia Civil com a Polícia Federal, anunciada por Ibaneis há pouco mais de duas semanas. Eles pedem que os 37% sejam também concedidos às outras duas corporações.
Apesar de garantir que o governador quer honrar compromissos com as categorias, os representantes do GDF pediram tempo para avaliar a questão e oferecer uma proposta efetiva. Segundo o secretário de Fazenda, André Clemente, haverá um esforço do governo para construir, em parceria com as entidades, uma alternativa viável para os dois lados.
Clemente ressaltou que o GDF não deixará de lado a realidade financeira do DF e o equilíbrio das contas. Um grupo de estudos será montado para analisar a questão. Por enquanto, não há nenhuma proposta concreta por parte do governo. ;Nada será feito de forma instantânea e precisará, sem dúvidas, haver parcelamento;, afirmou. ;Neste momento, não há nenhum comprometimento com percentuais e valores de imediato;, acrescentou o secretário.
Aos militares, Clemente garantiu que, apesar da falta de uma resposta rápida, todo o processo será conduzido com transparência e diálogo com as corporações. ;Eles terão todos os números. Chegaremos juntos a uma solução negociada;, disse. Uma eventual proposta também precisa estar em sintonia com o governo federal, argumentou. Assim como no caso da paridade da Polícia Civil, o reajuste para as outras corporações precisa ser encaminhado pela Presidência da República ao Congresso Nacional.
Propostas
Três propostas foram debatidas na reunião de ontem. Duas defendidas pelas associações representativas e uma apresentada pelos comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. A primeira proposta das associações prevê o pagamento dos 37% em seis parcelas, com início em 2019 e término em 2021. Também há a reivindicação de que o auxílio-moradia seja incorporado ao soldo e tenha reajuste de 27,5%. Atualmente, o benefício é concedido por meio de verba indenizatória. Por isso, não há cobrança de imposto de renda sobre os valores, que podem chegar a R$ 3,6 mil. O percentual acrescentado é referente aos descontos tarifários decorrentes da mudança.
A segunda proposta das entidades mantém o auxílio-moradia como verba indenizatória, mas regulamenta os pagamentos ; que foram alvo de contestação do Tribunal de Contas ; por meio do Fundo Constitucional. A proposta apresentada pelos comandantes é similar à primeira proposição das entidades, mas está, segundo representantes de entidades, tecnicamente mais bem-estruturada.
Há uma sinalização de que o texto dos comandos será apoiado pelas associações e fóruns representativos. ;Hoje saímos da reunião e entendemos que a melhor coisa é apoiar institucionalmente essa proposta porque está mais completa e tecnicamente mais bem-construída, apesar de, em linhas gerais, serem muito parecidas;, disse o presidente da Associação dos Militares Estaduais do Brasil (AMEBrasil), coronel Wellington Corsino.
Avaliações
Apesar de ver com otimismo a possibilidade de concretização de um acordo, o presidente do Fórum das Associações Representativas dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares do DF, Mauro Manoel Brambilla, diz ser preciso ponderar ainda diferenças entre as carreiras militares e civis. ;Enquanto um policial civil leva 15 anos para chegar ao topo da carreira, nós levamos 25. Essa é uma discussão que, no futuro, também precisa ser feita. Por enquanto, temos a impressão de que um caminho começou a ser trilhado;, comentou.
Para alguns dos militares presentes na reunião, porém, o encontro com o GDF não promoveu qualquer avanço em relação às negociações anteriores. ;Esperávamos alguma resposta. A nossa proposta só ratifica as propostas dos comandos-gerais, que o governo já conhecia. Mas não houve avanço. Foi tudo jogado para mais para frente, colocado para uma nova discussão;, reclamou o presidente da Associação dos Oficiais dos Policiais Militares do DF, tenente-coronel Jorge Eduardo Naime.
O oficial não esconde o descontentamento com um possível tratamento diferenciado dado pelo governo aos policiais civis. ;A gente fica ressentido porque vê uma corporação andando à frente das demais. O sistema de segurança não é feito de uma corporação só;, queixou-se.