Jornal Correio Braziliense

Cidades

Distrital Julia Lucy propõe alternativas antes de restringir Passe Livre

Ela também questionou a lei que proíbe o uso de canudos e copos plásticos em estabelecimentos comerciais e defendeu uma análise do desempenho das escolas militarizadas antes de se falar em expansão do modelo

Única representante do partido Novo na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), a deputada Julia Lucy criticou a dualidade do governo em reduzir o alcance do Passe Livre e, ao mesmo tempo, anunciar a diminuição na alíquota do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). "O que deveria acontecer era se batalhar pelo uso do transporte coletivo, de melhorar a frota antes de pensar em fomentar a compra e o uso de mais carros", criticou a distrital. Em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, ela disse que se manterá independente em relação ao Executivo.

A parlamentar sugeriu três ações antes da restrição do passe-livre: a descentralização da recarga do cartão; o cadastramento anual dos estudantes e a necessidade da biometria. "De fato o Distrito Federal é o que mais abrange gratuidades. Hoje em torno de 1/3 das pessoas são beneficiadas com alguma delas. Mas hoje não se sabe quem é que se utiliza o transporte público. Portanto, é importante tomar cautela antes de apresentar um projeto assim", defendeu.

Julia ainda considerou que da forma como o projeto está organizado pode ser que não gere a economia esperada pelo governo. Ela ainda ponderou que o chefe do Executivo local, Ibaneis Rocha (MDB), pode encontrar dificuldades para aprovar a proposta. "Semana passada muitos deputados da base faltaram a um almoço. De certa forma, é uma sinalização com a insatisfação com o poder Executivo", alegou.

Lei contra plásticos

A deputada também questionou a Lei n; 6.266/2019, que proíbe a utilização de canudos e copos plásticos em estabelecimentos comerciais. A norma foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal em 7 de fevereiro e determinou efeito imediato, mas, na visão da parlamentar, o prazo para adaptação deveria ser dois anos. "Hoje se o comerciante buscar por um canudo biodegradável ele não vai encontrar em Brasília. Hoje o mercado já está desabastecido e não tem mercado para suprir a demanda", ponderou.

Ela ainda alertou que a medida pode gerar desemprego. "A Agefis vai chegar ao estabelecimento, aplicar uma multa de R$ 5 mil, e isso pode fazer com que o micro e pequeno empresário demita seus funcionários. Na minha visão, é necessário conjugar o desenvolvimento econômico com o ambiental", defendeu.

Gestão compartilhada nas escolas

Favorável a militarização nas escolas, a deputada disse que, se comparado a outras unidades federativas, os colégios com o novo modelo tiveram aumento na procura e apresentaram resultados pedagógicos positivos. Mas, na visão da distrital, é importante que haja uma avaliação da gestão compartilhada entre a Secretaria de Educação e a Polícia Militar nas quatro instituições de ensino do Distrito Federal para tratar da expansão.

"Fui favorável, porque se trata de um projeto piloto. Agora, tem de ser avaliado a condição de desempenho, ganho de nota e percepção dos pais para, depois, falar em ser favorável ou não a expansão, mas existe um clamor popular enorme", defendeu.