Amigos e familiares reuniram-se a partir das 15h para se despedir de Veiguima Martins, 56 anos, terceira vítima de feminicídio deste ano. A cerimônia ocorreu no Cemitério de Planaltina, cidade onde nasceu a servidora da Secretaria de Educação. Não houve velório. Ela está enterrada no mesmo jazigo da mãe, Maria Luiza Martins, que morreu aos 68 anos.
O choro e a indignação marcaram o sepultamento, que reuniu cerca de 100 pessoas. "Desde que isso aconteceu, pergunto-me qual seria o propósito. A minha tia sempre foi uma pessoa boa, que ajudava o próximo. Ela nos ensinou e, a todo o país, que isso (feminicídio) pode acontecer do nosso lado, na nossa família", disse Larissa Martins, sobrinha da vítima.
Para a família, além da dor, fica a revolta. Veiguima morreu na quarta-feira (30/1), em um apartamento do Bloco A da 310 Norte, onde vivia com o companheiro, José Bandeira da Silva, 80. Ela levou pelo menos cinco facadas dentro do quarto do casal, antes de ser queimada. O assassino usou tecidos e fósforos para auxiliar na combustão, que atingiu três cômodos da residência.
José chegou a ser socorrido pelos bombeiros, mas também morreu, intoxicado pela fumaça. Investigadores da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte) aguardam laudo pericial, que indicará se o servidor público aposentado pretendia se matar logo em seguida ou se tentava enganar a polícia simulando um incêndio acidental. Mas não restam dúvidas de que se trata de um crime de feminicídio, como confirmou o delegado-chefe da unidade, Laercio Rossetto.
Peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil só conseguiram entrar no apartamento na quinta-feira (31/1), pois a alta temperatura no interior do imóvel impediu o trabalho no dia do crime. No quarto, agentes encontraram a lâmina de uma faca do tipo peixeira, utilizada por José para atacar a mulher. O material foi recolhido, assim como os itens usados no incêndio.
Veiguima deixou três filhos, cinco netos e sete irmãs. Ela era casada com o aposentado desde 2008, sendo que o relacionamento foi marcado por violência física e psicológica. Na noite anterior ao crime, ela havia informado à família que estava decidida a pedir o divórcio. Esta seria a motivação do crime.
José tinha dois filhos e estava no terceiro relacionamento. Ele não mantinha contato com os parentes. Até a mais recente atualização desta reportagem, não havia informações sobre o velório dele.