Jornal Correio Braziliense

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Zoológico monta esquema especial para cuidar de animais no período de calor

Zoológico de Brasília monta esquema especial para cuidar dos animais neste período de forte calor. Turistas elogiam a medida



Brasília, 14h30. Os termômetros chegam a 30;C. A umidade do ar vai a 20%. No Zoológico da capital federal, os animais descansam à sombra. Ney, da espécie urso de óculos, caminha pelo espaço reservado para ele no Zoo e não deixa de tomar vários banhos seguidos. Sem muita agitação, os macacos japoneses observam imóveis os visitantes e, nos espelhos d;água, é possível ver o movimento nadador de algumas capivaras. O tradicional veranico de janeiro, uma súbita estiagem em um dos meses com maior volume de chuva na região, muda a rotina dos bichos, dos biólogos, zootecnistas e tratadores da instituição.

Desde a alimentação até as intervenções nos nichos de cada espécie, equipes se movimentam para garantir o bem-estar dos animais moradores do Zoológico. Na sessão dos pequenos felinos, por exemplo, uma mangueira furada sobre o recinto simula uma chuva fina e uma grande quantidade de vegetação ajuda a manter a umidade no local. Para refrescar, vale até picolés feitos de frutas, legumes, ou carne, a depender do freguês.

Diretor de mamíferos da instituição, Filipe Reis comenta sobre as diversas ações para aliviar o calor dos bichos. ;Trabalhamos nos ambientes dos recintos de acordo com as características do habitat natural de cada espécie, que é o que garante, a médio prazo, o bem-estar (dos bichos). Em janeiro, com o calor, fazemos essa chuva artificial no espaço dos pequenos felinos para amenizar o calor. Animais como o urso de óculos, o tigre e as antas preferem o tanque;, explica.

Até a cobertura do solo precisa ser levada em conta. O espaço reservado dentro de cada recinto fica na sombra e é feito de cimento, uma forma de garantir um local geladinho para sentar. ;O bicho vai saber o que ele precisa. Então, é importante deixá-lo decidir o que quer;, acrescenta.

Carinho bem gelado

Moradora do Paranoá, Simeia Torres, 38 anos, reuniu filhos e a família da sobrinha, Lidiane Barroso, 28, para passear no Zoo. Eles vieram de Natal e se surpreenderam quando uma chuva fina começou a umidificar os espaços da jaguatirica, do jaguarundi e do gato palheiro. ;É um sinal de carinho com os bichos. O Zoo é importante para aprendermos sobre a natureza e é bom que os animais sejam bem cuidados;, destacou Lidiane.

Não é só nos recintos que a rotina muda com o calor. No setor de nutrição, o trabalho começa cedo e vai até o fim do dia. É lá que os picolés, por exemplo, são preparados. Responsável pela área, o zootecnista Lucas Andrade Carneiro explica que boa parte da dieta dos bichos é preparada levando em conta o clima. ;No calor, a primeira alteração que percebemos nos bichos é justamente na composição nutricional da dieta. Trabalhamos mais com frutas, verduras e carnes. Usamos muita melancia, que tem bastante água;, exemplifica o diretor de mamíferos da instituição, Filipe Reis.

O ;picolé; tem várias qualidades. Traz o frescor do gelo, tem água e também oferece algum desafio, pois tanto o tigre quanto o papagaio terão que manipular o alimento para conseguir tirar a carne ou as frutas de seu interior. ;Isso é bom para a dieta e também faz parte das iniciativas que visam melhorar a condição de vida do animal. Importante lembrar que chamamos de ;picolé;, mas não tem açúcar ou corante;, enfatiza.


Serviço

O Zoológico de Brasília funciona de terça a domingo, e também nos feriados, sempre de 8h30 às 17h. Os ingressos custam R$ 10. Pagam meia-entrada crianças de 6 a 12 anos, idosos, estudantes, professores e beneficiários de programas sociais do governo.