Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 29/01/2019 10:54
Ranulfo do Carmo Filho, 72 anos, passará por audiência de custódia ainda na manhã desta terça-feira (29/1). Ele está preso em flagrante por matar a mulher, Diva Maria Maia da Silva, 69, a tiros, e ferir o filho mais velho do casal, Régis do Carmo Corrêa Maia, 46. O crime aconteceu no apartamento onde o casal vivia, na 316 Norte. Na sessão no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), um juiz decidirá se Ranulfo ganha a liberdade ou se será mantido atrás das grades e por quanto tempo.
A investigação é conduzida pela 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte). Até agora, os investigadores descobriram que Diva e Régis, que é servidor do TJDF, passaram o fim de semana em Goiânia, onde ele fez prova de concurso. Mãe e filho chegaram ao apartamento, na 316 Norte, após as 10h de segunda-feira (28/1). Ranulfo chegou poucos minutos depois, discutiu com o filho e realizou os disparos.
Os peritos constataram que Ranulfo atirou pelo menos cinco vezes contra Régis, sendo que três atingiram a região torácica do servidor. Em seguida, Ranulfo teria voltado ao quarto, recarregado a arma e voltado para matar Diva. Cerca de seis tiros atingiram a mulher, segundo o Corpo de Bombeiros, a maioria na cabeça.
Após o crime, Ranulfo saiu calmamente do prédio, entrou no carro e tentou fugir. Policiais militares o prenderam enquanto ele passava pela Epia Sul, na altura da Quadra 8 do Park Way, sentido Gama. Ele não resistiu à prisão e foi conduzido à 2; Delegacia de Polícia. Após prestar depoimento, foi recolhido à carceragem do Departamento de Polícia Especializado (DPE), próximo ao Parque da Cidade.
Régis continua internado no Hospital de Base. Ele sofreu paradas cardiorrespiratórias e está em estado grave, mas estável. O corpo de Diva Maia será velado a partir das 12h desta terça, na Capela 2 do Cemitério Campo da Esperança. O sepultamento está marcado para as 16h.
Espancamentos
Vizinhos confirmam o histórico violento de Ranulfo. No entanto, ninguém nunca registrou uma ocorrência contra ele. "Quase todas as semanas, a Diva me ligava para comentar as agressões que sofria do Ranulfo. Ele a xingava e a espancava. Não era segredo para ninguém a maneira como ele a maltratava. Eu sempre a aconselhei a procurar ajuda ou a denunciá-lo, mas ela não conseguia sair dessa relação. Nunca procurou a polícia por medo de que ele a matasse", disse a analista ambiental e vizinha de Diva, Tânia Maria Ferreira, 55.
"Diva teve uma vida muito sofrida por conta do Ranulfo. Ele a mantinha como uma escrava. Batia nela todos os dias. Isso não é de hoje. Ela apanhou a vida inteira. Essa era uma tragédia anunciada", relatou outra vizinha do casal, a administradora Tatiana Martinelli, 41. Apesar da violência, Diva era tida como uma pessoa extrovertida, companheira e vaidosa. "Ela tinha olhos azuis tão bonitos e um sorriso único. Onde ela chegava, deixava o ambiente mais feliz", observou Tânia Maria.