Cidades

Arma usada para matar mulher e atingir filho tem ligação com crime no MT

A polícia investiga como o suspeito adquiriu o revólver, que tirou a vida de Diva Maria e deixou o filho do casal em estado grave no Hospital de Base

Walder Galvão - Especial para o Correio, Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 28/01/2019 19:23
Ranulfo do Carmo Filho foi transferido para a carceragem da DPE

Agentes investigam como Ranulfo do Carmo Filho, 72 anos, adquiriu o revólver calibre .38, usado para matar a mulher, Diva Maria Maia da Silva, 69, e atingir o filho mais velho do casal, Régis do Carmo Corrêa Maia, 46. O homem está em estado grave no Hospital de Base de Brasília. O crime aconteceu às 10h45 desta segunda-feira (28/1), no Bloco E da 316 Norte. Após prestar depoimento, o suspeito foi transferido para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), no Complexo da Polícia Civil. O enterro de Diva será nesta terça-feira (29/1).

Segundo as investigações da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte), Diva e Régis tinham viajado para Goiânia (GO) no fim de semana. O filho, servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), havia feito uma prova de concurso na capital goiana. Eles chegaram no apartamento, que fica no 1; andar, após às 10h desta segunda.

Ranulfo chegou em casa minutos depois da mulher e do filho e, de imediato, começou uma discussão com Régis. Com a gritaria, uma vizinha do casal entrou no apartamento. Nessa hora, Ranulfo foi até o quarto e pegou o revólver usado no crime. Voltou para a sala já apontando a arma para o filho. Assustada, a testemunha fugiu.

Diva Maria morreu após ser atingida por disparos de arma de fogo

O suspeito disparou ao menos cinco vezes, ainda de acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Três dos tiros atingiram o peito de Régis, que caiu. Diva permaneceu imóvel, em estado de choque. Foi quando Ranulfo foi até o quarto, recarregou o artefato e retornou ao cômodo. Ele atirou seis vezes, matou a mulher e fugiu em seguida, deixando a arma do crime no local.

Assustados, vizinhos chamaram a polícia. Régis foi socorrido com hemorragia grave, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Uma das balas atingiu o pulmão do servidor e médicos precisaram drenar a área. Após os procedimentos, ele foi levado para a ala vermelha do Hospital de Base. O estado de saúde dele é grave, mas estável. Régis está consciente e conseguiu conversar com um agente de plantão da unidade, para quem detalhou o ocorrido. Ao policial, afirmou que havia decidido não aceitar mais as agressões de Ranulfo contra Diva.

A aposentada faleceu no apartamento mesmo. De acordo com Washington Romão, o tenente dos bombeiros, a cena era aterrorizante. "Algo terrível. Aparentemente, a Diva levou muitos disparos na cabeça. Infelizmente, por conta de uma revolta do pai, a família se encerrou de uma maneira trágica", lamentou. O corpo da mulher foi retirado por volta das 13h50.

Diva será velada a partir de 12h dessa terça-feira (29/1), na Capela 2 do Cemitério Campo da Esperança. O sepultamento está marcado para 16h.

Fuga e prisão

Imagens de câmeras de segurança do prédio registraram o momento em que o vendedor autônomo deixava o local tranquilamente (veja abaixo). No estacionamento, o suspeito entrou no Cross Fox branco da família e seguiu, sentido Epia Sul.

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O helicóptero da Polícia Militar deu início à perseguição do veículo de Ranulfo, localizado na rodovia. As viaturas da corporação fizeram cerco ao fugitivo e, na altura da Quadra 8 do Park Way, capturaram ele. O suspeito foi levado para a carceragem da 2; DP e, à tarde, prestou depoimento.

O autônomo aposentado não deu detalhes do que ocorreu dentro do apartamento, de acordo com o delegado Laercio Rossetto. "Ele não mostrou nenhum arrependimento quanto ao assassinato da mulher. Ficou apenas um pouco abalado com a situação do filho, mas sequer chegou a chorar", disse.

Ranulfo não tem passagens na polícia relacionadas à Lei Maria da Pena. Contra ele, há apenas uma condenação de 1990 por lesão corporal. A mulher não foi a vítima. Agora, a polícia também tenta identificar como o suspeito adquiriu o revólver usado para a barbárie, uma vez que o artefato já foi usado em um roubo no Mato Grosso.

O suspeito passará por audiência de custódia no DPE, onde a Justiça determinará se ele ficará ou não preso. Ranulfo responderá por feminicídio, tentativa de homicídio e posse ilegal de arma de fogo.

Casamento conturbado

Ranulfo e Diva foram casados por 50 anos. Eles moravam no apartamento da 316 Norte desde a década de 1980. Apesar de não morar mais no local, Régis visitava a mãe diariamente, por preocupação. Vizinhos confirmaram que a mulher vivia uma rotina de violência doméstica, física e psicológica.

"Ela aparecia sempre com um olho todo roxo ou outro tipo de hematoma. O Ranulfo parecia ser um homem muito nervoso. Estava sempre maltratando a Dina de alguma maneira. Era um homem muito ;esquentado;", disse uma moradora, sob a condição de anonimato.

Embora as pessoas próximas à vítima pedissem que ela terminasse o relacionamento, a aposentava se negava. Ela alegava sentir medo da reação de Ranulfo ao saber que ela teria procurado a Polícia Civil.

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