Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 16/01/2019 22:25
Os cinco policiais militares investigados por formarem um grupo de extermínio e presos durante a Operação Circo da Morte estão sendo processados, também, por dois homicídios qualificados e ocultação de cadáver. A denúncia, oferecida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), tem como base o inquérito da Polícia Civil de Goiás que indica a cooperação dos militares Carlos Eduardo Belelli, Alessandro Bruno Batista, Ruimar Felipe Maia, Ismael Fernando Silva e Raithe Rodrigues Gomes para a prática do crime.
De acordo com a denúncia, os acusados, que são lotados em Caldas Novas, se deslocaram até Santo Antônio do Descoberto, em 15 de março de 2017, e retiraram Darlei Carvalho da Silva e Dalylla Fernanda Martins de dentro das próprias casas. Ambos foram mortos e tiveram os corpos ocultados. Darlei foi encontrado às margens de uma estrada no município de Silvânia. Já o corpo de Dallyla nunca foi localizado.
As qualificadoras apontadas nos dois homicídios são por motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima. No caso de Dallyla, há um terceiro agravante, já que o crime teria como objetivo a "queima de arquivo", ou seja, quando a vítima é testemunha importante que poderia denunciar o grupo.
A denúncia foi recebida pelo Tribunal de Justiça de Goiás, que decretou a prisão preventiva de todos os acusados. A denúncia, no entanto, ainda pode ser agravada, enquadrando o crime como associação criminosa de "grupo de extermínio". Para isso, é necessário aguardar a conclusão do inquérito da Polícia Federal no âmbito da Operação Circo da Morte.
Deflagrada em 18 de dezembro de 2018, a operação investiga a formação do grupo que estaria matando e forjando a existência de confrontos policiais para justificar as ações. De acordo com a PF, eles matavam e então forjavam a existência de confrontos policiais que justificassem a ação. As investigações duraram um ano e apontam a participação de cinco policias militares, inclusive de oficiais, no grupo de extermínio. Segundo a PF, o nome da operação faz referência ao mágico de circo que cria ilusões com aparência verdadeira, como homicídios que seriam vistos como atos heroicos.