Novos e antigos deputados distritais criaram uma polêmica envolvendo o gabinete número 24, durante a distribuição das dependências da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O sorteio das salas ocorreu em 4 de dezembro. Naquele dia, a reunião começou com chacota. Aos colegas, Hermeto (PHS), na reserva da Polícia Militar, sugeriu que nenhum parlamentar gostaria de ocupar o gabinete 24. Primeiro representante da comunidade LGBT eleito, Fábio Félix (PSol) rebateu de pronto. Disse que não tinha problemas com o algarismo. De quebra, conquistou um dos melhores espaços da Casa, com visto voltada ao Eixo Monumental. Entre 2015 e 2018, as dependências foram ocupadas por Luzia de Paula (PSB).
Houve, no entanto, outras peculiaridades ao longo da reunião. Distrital mais votado da legislatura, 29,4 mil sufrágios, Martins Machado (PRB) não participou do sorteio. Pediu diretamente aos pares para herdar o gabinete número 10 do correligionário Julio Cesar, eleito deputado federal. A sala está com o PRB, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, desde 2011, quando Evandro Garla iniciou o mandato.
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Os demais deputados seguiram à risca as regras descritas em Portaria assinada pelo ex-presidente do Legislativo local Joe Valle (PDT) ; o texto indica que todos os espaços são mobiliados e equipados no mesmo padrão. Tiveram preferência para a escolha os distritais reeleitos. Ou seja, permaneceram nos locais que ocuparam ao longo dos últimos quatro anos Agaciel Maia (PR), Chico Vigilante (PT), Claudio Abrantes (PDT), Delmasso (PRB), Reginaldo Veras (PDT), Rafael Prudente (MDB), Robério Negreiros (PSDB) e Telma Rufino (Pros).
Por ter necessidades especiais, Iolando (PSC) optou pelo gabinete em seguida ; ele perdeu o movimento do braço direito em um acidente de moto. Mulheres recém-eleitas, Arlete Sampaio (PT) e Júlia Lucy (Novo) integraram o terceiro grupo a decidir. Os deputados remanescentes participaram do sorteio.
Reviravolta
Na data da escolha de gabinetes, Telma Rufino era reconhecida como deputada eleita. Com o direito de permanecer no gabinete original, ficou no gabinete 8. Dias depois, entretanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformou decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que havia negado o registro a Jaqueline Silva (PTB). Pela configuração de votos, houve uma dança das cadeiras: a petebista conquistou o mandato e Telma ficou de fora dos quadros da Câmara Legislativa.
Conforme a lógica, Jaqueline ficaria na sala antes ocupada por Telma. A estreante, porém, se recusou a ocupar o espaço e conseguiu trocá-lo com o então distrital Fernando Fernandes (Pros), garantindo vaga no gabinete número 3. Pouco tempo depois, o deputado assumiu a Administração Regional de Ceilândia, a convite do governador Ibaneis Rocha (MDB). Assim, Telma assumiu a cadeira dele como suplente. De última hora, Jaqueline tentou trocar novamente de sala, para evitar o mesmo andar da colega, mas não teve sucesso.
Assombração
Além de todas as polêmicas, brinca-se, nos bastidores da Casa, que Eduardo Pedrosa (PTC) ganhou um gabinete mal-assombrado: o número 20. A sala acomodou dois dos três deputados cassados na história da Câmara Legislativa ; Eurides Brito (MDB) e Raad Massouh.
A ex-parlamentar está fora da política desde o escândalo da Caixa de Pandora. Ex-secretária de Educação, a emedebista é um dos personagens filmados pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa nas rumorosas cenas em que entrega dinheiro. Ficou famosa a imagem em que ela guarda as cédulas na bolsa. Eurides se recusou a renunciar ao mandato parlamentar, como outros envolvidos no episódio fizeram, e acabou cassada em 2010. Foram 16 votos a favor, três contrários e três abstenções.
No caso de Massouh, a cassação ocorreu em 2013, com 18 votos favoráveis. À época, ele era acusado de desviar recursos públicos de uma emenda parlamentar liberada em 2010. Anos depois, entretanto, a Justiça o absolveu das denúncias. O ex-distrital pediu o restabelecimento de seus direitos políticos.
Jogo do bicho
No Jogo do Bicho, bolsa ilegal de apostas criada pelo barão João Batista Viana Drummond em 1892, o veado representava o número 24. Acredita-se que, por isso, o algarismo seja associado à homossexualidade.