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O político Jofran Frejat, colega constituinte de Sigmaringa, lembrou dos bons momentos com o amigo. "Eu era presidente da subcomissão da União, Distrito Federal e Territórios e ele, relator. Ali articulamos toda a perspectiva de ter eleição no DF e uma câmara distrital. Sempre conciliador mesmo com adversários políticos. Sempre procurando uma solução, conversando. Não guardava ódio, não tinha raiva;, afirmou. Frejat ainda brincou: "Mas ficou me devendo um vinho. Tinha me convidado, mas acabou falecendo. E o vinho não saiu. Ele vai tomar no céu".
"Perdemos um jovem", diz Ibaneis
O governador eleito do DF, Ibaneis Rocha, chegou ao velório por volta das 11h. Cumprimentou familiares e amigos e prestou homenagem a Sigmaringa. Ibaneis ressaltou as virtudes de advogado do ex-político. "Ele é de uma família de juristas. O pai dele foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, assim como eu. No meu caso pessoal, ele era um amigo. Sempre nas eleições da Ordem buscava aconselhamento e ele sempre tinha uma palavra boa. É uma perda para cidade", disse.
;Perdemos um jovem, porque Sig tinha um espírito jovem. É uma perda muito grande para todos. Neste momento, não tem esquerda, não tem direita. Não tem PT, nem MDB. Estamos perdendo um homem público da mais alta relevância. Brasília toda, neste momento, está em prantos pela perda deste grande homem que foi Sigmaringa Seixas;, disse o governador eleito do DF.
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que Sigmaringa sempre foi um grande advogado. "Luiz Carlos sempre foi um grande amigo, um exemplo para a profissão. Sempre desprendido na busca da justiça. Nos momentos difíceis da vida nacional, teve presença marcante pelo amor à democracia e pelo amor à liberdade", assinalou. Para o ministro, a mensagem que deixa é de "um advogado verdadeiro e dedicado ao direito e à liberdade".
Algumas lideranças do PT também estiveram presentes no velório de Sigmaringa Seixas, entre eles Ricardo Berzoini. Para o petista, "Sig foi uma figura maravilhosa, sobretudo como pessoa humana, muito mais do que como profissional". "Um amigo sempre disponível, além de um militante político que foi exemplo para os trabalhadores", disse Berzoini.
O ministro do STF Março Aurélio Mello ressaltou a trajetória invejável de Sigmaringa. "Foi constituinte, teve mandatos de deputado federal e honrou a advocacia. É uma perda para aqueles que o conheceram e o conheceram de perto. Era um resistente democrático e republicano", afirmou. Sigmaringa sempre resistiu aos convites para integrar o STF. Marco Aurélio comentou que ele dizia simplesmente não estar à altura da Suprema Corte. "Mas estava e infelizmente não a integrou. Lá teria prestado grande serviço com a independência de sempre", destacou.
Legado e luta contra o câncer
Luiz Carlos Sigmaringa Seixas morreu ontem, aos 74 anos, após longa luta contra a leucemia. O ex-deputado federal pelo PT estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Há um mês, foi submetido a um transplante de medula, mas não resistiu a complicações do procedimento.
Nascido em Niterói (RJ), Sigmaringa se formou em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Na carreira política, foi deputado federal do DF também pelo então PMDB e pelo PSDB. Ele contribuiu na elaboração da Constituição.
Políticos e amigos lamentaram a morte e destacaram as qualidades de Sigmaringa. O ex-deputado tinha relações pessoais com representantes de diferentes correntes políticas, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador José Serra (PSDB). No governo do petista, foi cotado para assumir o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas preferiu permanecer na advocacia.
O presidente da República, Michel Temer, deu os pêsames à família do ex-parlamentar. ;Lamento imensamente a morte do grande advogado e homem público Sigmaringa Seixas, um lutador pela democracia brasileira. Meus sentimentos de pesar à família e aos amigos;, afirmou nas redes sociais.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, também mostrou pesar. Em nota, afirmou que a capital federal ;chora e lamenta a morte de um dos maiores nomes de sua história;. ;Sigmaringa, o querido Sig, construiu uma trajetória política ímpar na cidade, da banca de advocacia de sua família para a Câmara dos Deputados;.
Rollemberg se referiu a Sigmaringa como um defensor dos direitos humanos e destacou que o ex-deputado ;se notabilizou na luta pela redemocratização do país e pelo direito do brasiliense de votar e eleger seus representantes para o governo e os parlamentares local e federal;.
Governador eleito do DF, Ibaneis Rocha frisou que a história de Sigmaringa se confunde com a de Brasília. ;Em um momento decisivo para o DF e para o Brasil, ajudou a escrever a Constituição do país e desempenhou papel importante para a ampliação das liberdades civis e dos direitos e garantias fundamentais do cidadão;, disse.
Um ;homem de bem; foi como o definiu o presidente do STF, ministro Dias Toffoli. ;Sigmaringa Seixas tinha compromisso com a Justiça e o bem-estar social. Deixou sua marca como homem público, deputado constituinte e advogado primoroso, sempre pronto a lutar pelos direitos humanos, pela democracia e pela liberdade em nosso país, trabalhando com humildade pelo bem comum, sem buscar os holofotes;, ressaltou. ;Entre as características de sua personalidade, estavam a discrição e a vocação para o outro. Um homem de bem! Uma grande perda para o direito, a advocacia e o Brasil.;
Maria Lúcia Sigmaringa disse que o ex-deputado era um segundo pai para ela e para os outros irmãos. ;Com ele e meu pai, aprendi o que era solidariedade, amor ao próximo, a importância dos direitos humanos e tantas outras virtudes difíceis de se encontrar hoje em dia;, afirmou. ;Como político, foi um conciliador, admirado mesmo por seus adversários.;