Cidades

Envolvidos em espancamento de morador de rua dão depoimentos conflitantes

A mulher e a adolescente que estavam presentes no momento do espancamento que levou à morte um morador de rua em Taguatinga deram versões diferentes para a motivação do crime

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 24/12/2018 13:00
foto de dois homens espancando morador de rua
A mulher e a adolescente que estavam presentes no momento do espacamento que levou à morte um morador de rua em Taguatinga deram depoimentos conflitantes. ;Uma disse que o morador de rua teria provocado os meninos enquanto eles bebiam e usavam rohypnol. Mesmo que seja verdade, o que o trio fez é completamente desproporcional. Entretanto, essa versão não é confirmada por uma das garotas, que afirmou que o assassinato não passou de uma violência gratuita;, observou o delegado-chefe da 12; DP (Taguantiga Centro), Josué Ribeiro.
Nesta segunda-feira (24/12), a polícia prendeu temporariamente Guilherme Krasny Campos de Souza, 22 anos, acusado de espancar até a morte a pessoa em situação de rua. Dois adolescentes são indicados como participantes da barbárie. Uma mulher de 19 e uma jovem de 16 assistiram ao crime e poderão responder como cúmplices. A 12; Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) finalizará o inquérito em 30 dias para encaminhá-lo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Em um registro de câmeras de segurança de comércio local, é possível ver a vítima se ajeitando para dormir no canto de um estabelecimento, quando foi surpreendida pelos ataques de Guilherme. O crime ocorreu na madrugada de 11 de dezembro, na C12, quadra localizada no centro de Taguatinga.

O primeiro golpe que o homem recebe de Guilherme é um chute e um murro no rosto. Com as pancadas, a vítima cai no chão e é pisoteada pelo suspeito. Os dois adolescentes chegam e se juntam para espancar o morador de rua, que fica desfalecido no chão. Eles usaram ao menos dois objetos para o espancamento. Guilherme chega a pegar um banco e jogar contra o homem, mesmo com ele desmaiado.

Pessoas que viram o morador de rua ensanguentado acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que realizou os primeiros atendimentos e o levou para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). O homem teve traumatismo craniano grave e morreu duas horas após dar entrada na unidade.

Policiais que atuam no posto do HRT acionaram a 12; DP para a investigação do caso, tratado como homicídio. Segundo o delegado-chefe Josué Ribeiro, os agentes iniciaram as buscas no mesmo dia. Com o recolhimento de imagens de circuito de segurança dos comércios e a coleta de depoimentos de moradores e moradores de rua, houve a identificação dos participantes, como explica o delegado-chefe Josué Ribeiro.

;As imagens foram primordiais para a solução deste caso, tanto para o reconhecimento facial, quanto das tatuagens. Na quinta-feira (20), agentes infiltrados em um evento cultural na Praça do Relógio detiveram as duas mulheres que estavam com os autores no momento do crime;, detalhou.

Com informações das oitivas, Guilherme foi encontrado sentado na calçada, próximo de casa, na QSC 19, em Taguatinga Sul. ;Ele reagiu à prisão, tentando agredir os agentes. Por isso, usamos a força necessária para contê-lo. Ainda na delegacia, ele deu muito trabalho. Portanto, nesta mesma ocasião, acabou autuado por resistência e desacato;, argumentou.

Segundo o delegado, o suspeito negou ter assassinado o morador de rua e disse que ;seria trabalho da polícia produzir as provas contra ele". "Isso é exatamente o que estamos realizando e não restam dúvidas de que Guilherme é autor do crime. Vamos representar o pedido de prisão preventiva (sem prazo para acabar) e entregar o inquérito à Justiça, para que ele responda a todo o processo preso.;

Dois adolescentes indicados como participantes do ato infracional e a jovem de 16 anos que viu o crime ficarão sob os cuidados da Delegacia da Criança e do Adolescente 2 (Taguatinga). Agentes desta unidade são responsáveis pela coleta de depoimentos e pela expedição do mandado de busca e apreensão contra eles.

Ainda conforme o delegado Josué Ribeiro, a conduta da mulher de 19 anos também será apurada. ;Também nos chamou muita atenção a falta de empatia das meninas. Ambas ficam paradas, sem fazer nada para impedir uma cena tão grotesca e hedionda. Somente após muitos minutos, uma delas convida Guilherme a sair de cima da vítima. Com as provas necessárias, a jovem pode responder como cúmplice;, explicou.

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