Foram cumpridos cinco mandados de busca, sendo apreendidos diversos materiais entre medicamentos, prontuários e computadores. A ação recebeu o nome de Operação Dismorfia, em razão de procedimentos realizados pelo médico que acarretaram em deformidades em 15 pacientes no DF e 14 em Goiás. A operação foi desencadeada por policiais da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf).
Esta semana, o Conselho Regional de Medicina do DF convocou os jornalistas para anunciar que o registro do médico está suspenso temporariamente. De acordo com o conselho, o médico foi "interditado cautelarmente" e, por isso, não pode exercer a medicina até a decisão de mérito da investigação do processo ético. Além do processo, o médico responde a uma sindicância que corre em sigilo processual.
Em entrevista ao Correio em 4 de dezembro, uma paciente do Distrito Federal que não quis se identificar, revelou que mais de 40 vítimas do médico, tanto do DF quanto de Goiás, montaram um grupo de WhatsApp. Todos relatam histórias parecidas. "Ele sempre indica defeitos nos pacientes para poder mexer mais. Eu só queria fazer um tratamento de celulites e ele me recomendou fazer mandíbula, boca, nariz e maçã do rosto. Como ficou muito caro, só fiz mandíbula e meu rosto ficou completamente inchado", contou.
Trio será investigado por três crimes
Coordenador da Corf, o delegado Wisllei Salomão disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira que Wesley e as outras duas mulheres podem ser indiciados pelos crimes de lesão corporal gravíssima, associação criminosa e por adulterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. Eles ficarão presos de forma temporária, por 30 dias, no Departamento de Polícia Especializada (DPE), da Polícia Civil.
"Além das prisões, cumprimos mandados de busca e apreensão. Foram recolhidos computadores, celulares, prontuários de atendimento, medicamentos, seringas, anotações e comprovantes de compra em laboratório. Tudo será investigado para tentarmos comprovar possíveis condutas irregulares do médico", detalhou o delegado.
Segundo Wisllei, a polícia esperar ouvir mais vítimas do médico daqui em diante. "Além das pessoas que já nos procuraram, temos conhecimento de um grupo em um aplicativo de conversas feito por quem já foi atendido pelo Wesley. Cerca de 40 pessoas participam deste grupo. Com a prisão dele, a tendência é de que elas não tenham mais medo ou sintam-se coagidas de denunciar o que aconteceu."
Para o delegado, a quantidade de casos denunciados mostra que o médico não tinha a qualificação necessária para realizar os procedimentos estéticos. "Erros podem acontecer em qualquer profissão, mas o problema é que a conduta dele foi reiterada entre vários pacientes. Isso mostra que não é só imperícia. Quem produz esse resultado por diversas vezes, assume o risco dos seus atos", frisou.